Pular para o conteúdo principal

Postagens

A Busca de Si

Tirar fotografias de si mesmo Olhar-se continuamente no espelho... Espantar-se ao descobrir continuamente, Ser mais alto do que os que eu julgava altos Ser mais magro do que eu acho que sou Ser mais gordo do que eu me sinto... Ser mais belo do que me vejo Ser mais feio do que realmente sou... Achar-se menor que o menor E sentir-se maior do que os grandes... Dizer o que não se diz... Negar-se continuamente a dar as respostas certas Conhecendo-as... Querer amor e não dar Amar profundamente as pessoas E querê-las distantes... Atirar-se ao mundo e retrair-se Fechar-se e abrir-se Isolar-se em meio à multidão E em meio à sala de estar... Procurar-se no Google... Dizer-me continuamente como eu sou Dizendo uma coisa diferente a cada vez... Recolher desesperadamente as referências que as pessoas me dão sobre mim... Buscar saber por estes vestígios, quem sou eu... Os outros me dizem, mas cada um diz uma coisa, E todos sabem tão pouco... Viv...

À Procura de um Conto

Não posso chorar por que estou de lentes de contato. Essas coisas tolas que descobrimos na vida. Quando a esteira não basta e o chocolate não sacia... apenas coisas más e ruins fermentando... “O Reino dos Ceús é como uma mulher que escondeu uma medida de levedo em três medidas de farinha e fermentou a massa toda...” Não é apenas o Reino dos Céus que fermenta... os pensamentos mal-sãos também. As dores chegam a florescer, mas não choro, porque estou de lentes. Pelos meus olhos entraram tantas pessoas pobres hoje, que sinto que há areia neles. Os pobres saem no Natal, são como baratas no verão. Se são pobres? Oportunistas? Necessitados? São estrategistas. Têm filhos para explorá-los. Será que amam ou cuidam? O que é o amor quando não foi aprendido em casa? Sempre repito como despedida para aqueles que são meus amigos “que os humanos lhes sejam leves...” Sim, aos poucos a humanidade se tornou uma carga, uma pesada carga, incompreensível e pesada demais para ser carregada. Malthus não fo...

Luto

Essa é para um outro leitor, que encontrou este meu poema escrito sobre uma fotografia, onde eu estava de preto e a imagem me inspirou o resto... Tem sido bom conviver com os amigos leitores. Luto Há tantos lutos em mim... Sou viúvo de algumas amizades que se foram Sou viúvo de alguns amores... Choro até hoje pelos sonhos que morreram Pelas ilusões que em desilusões se tornaram Visto-me de preto como quem amou e foi amado Mas pelo destino enlouquecido, abandonado Eis que choro a morte de cada flor na primavera... De cada gota de orvalho ao amanhecer... Choro vendo a morte do dia Choro vendo a morte da noite... Sou um viúvo da vida... Não entendo as mudanças... Não entendo as partidas... Por isso... choro... E fico de luto... É tanta a dor de ver todas as coisas que morrem em mim E fora de mim... Nem tenho tempo de mudar de roupa... Nem de encontrar outra desculpa para a dor, Por isso... choro... E fico de luto...

Adapte-se

Três poemas reencontrados. Isso graças a uma leitora, Nayana, que cobrou um pouquinho mais de rabalho, bem..fui remexer o baú... Não sei se ela vai gostar, mas, estão aí. Adapte-se!! Adapte-se!! Seja realista!! Não idealize!! Por conta disso, encolhi tanto minhas expectativas Que nem eu mais valho a pena... Aceito o tão pouco das pessoas Que há mendigos por aí Que já pensam em me dar esmola... E houve aqueles que recusaram meu Halls E disseram que não fumavam cigarro de cravo! Se oferecemos tudo, só o nada é bom complemento Se nos contentamos com migalhas...até elas faltam. Por isso quando me ver por aí...sentado no meu elefante Desfilando pelas ruas, coberto por um turbante... De nariz empinado...sem nunca olhar pros lados Parecendo um príncipe Pode dizer: lá vai o mais orgulhoso dos mendigos Não recolhe mais as migalhas Nem os cães o seguem mais...

Único

Mais um poema reencontrado... Os motivos passam, os poemas ficam... Único Será que sou o único que nas lágrimas procura o sorriso? Será que sou o único que sofre por não querer sofrer? O único a não se dobrar perante o erro? O único a não negociar com a hipocrisia? O único a dizer não? Talvez sim, Os outros sabem perdoar e seguir adiante... Não me importa o quanto o prato que você me oferece é belo! Sua comida está podre! Não me ofereça a sua carne Não me alimento mais de cadáveres... Nem me importa se para isso eu mesmo não esteja mais vivo... Não irei mais dançar no palco do mundo... Não, não irei... Não sou entretenimento para os tolos... Você que trabalha feito uma besta... E que só pensa que os outros servem para satisfazer sua vã necessidade de distração... Você, que tem no dinheiro seu fim e começo, você, que não sabe nada mais do que isso... Não, eu não te perdôo a pequenez... Não me toque, não me fale... Seu toque é impuro... ...

Inveja

Acabei de encontrar este poema, do qual nem me lembrava mais. Mas gostei e resolvi dividir. o Nome é Inveja, mas não fala disso não... Inveja Maldito seja o Sol Que tudo alcança com seus raios! Maldito seja o Céu com suas nuvens!! Maldito seja o ar! O vento! A brisa fresca! Maldito seja o chão que está em todo lugar! Malditas sejam as pessoas! Por que brotam de todos os cantos! Malditos sejam todos os elementos! Porque todos eles te vêem e te alcançam... Parece que de todos os entes da Terra Apenas eu fui destinado a sentir a tua ausência... Eu tenho inveja deles... Pois te tocam, te envolvem, esbarram em ti Te ouvem, falam contigo... Menos eu... Mas, benditos sejam: O Sol! O Céus! As Estrelas sem fim! Que te cobrem os passos! Bendito seja o chão! Que é firme para os teus pés! Benditas sejam as pessoas! Que te amam e abraçam! Benditos todos os elementos! Porque na minha distância são eles que te cuidam! Bendita seja a Esperança! Que ...

Post do leitor "Sérgio" , deu um erro no sistema, publico e comento abaixo

Recebi o seguinte comentário sobre o texto “Em defesa da aparência”, quando fui publicar nos comentários do Blog, ocorreu um erro do sistema, em razão disso reproduzo o comentário do amigo leitor: Sérgio has left a new comment on your post "Em defesa da Aparência!!": “Acho que o espelho te venceu! A questão não é, ou pelo menos não deveria ser, o magro como sendo sinônimo de 'o' belo, 'o' saudável, 'o' correto e o gordo como sendo o contrário disso - existe uma coisa que você não levou em consideração, cada um é cada um e tem gente que está muito bem sendo gordo, feliz, saudável e bem amado. Ah! Eu malho, tenho barriga de tanquinho e tudo, mas não vejo essa relação beleza/magro, feio/gordo... cuidado para não virar escravo do espelho!” Agora, Vadico responde :          Sérgio, obrigado por seu comentário. E desculpe colocá-lo em evidência por causa do pequeno erro do sistema. Seguinte, no texto eu falei sobre diversos níveis da questão da...

Na Companhia dos Maus!!

Por medo da solidão e da incompreensão As pessoas se apequenam demais. Ouvem aquilo que nem deveria ter sido dito. Ponderam o imponderável. Aceitam o inaceitável. Dobram-se diante de reis sem reinado. Compreendem o que não merece compreensão... Tornam-se coniventes com a democracia do errado. Pensam assim se cobrir de garantias, Semeiam sorrisos, Amealham simpatias, São em todos os círculos acolhidas... E, quanto mais vemos com quem convivem, E quem são aqueles que as compreendem... Melhor nos parece a solidão. Pois há círculos nos quais Não vale a pena entrar e nem conhecer. Sempre há deuses para os quais Não vale a pena se ajoelhar. Baseadas no tênue medo De não serem aceitas, e Não terem quem as ajude A carregar as suas cargas... Elas se prostituem por migalhas, Fazendo corar as próprias putas Que bem sabem da dignidade do seu preço. Ter o carinho e a compreensão da canalha, Não é digno do homem bom. Ser só e incompreendido ...

Não vou sofrer por você...

         Hoje foi um daqueles dias de óculos escuros, sabe?! Aquele dia que está lindo, mas cuja claridade ofusca tanto que – para um astigmático como eu – é necessário se perder parte da sua beleza... Acordo sempre cedo e hoje não seria diferente. Nos sábados de manhã, as vezes levo meu carro para passear e aí termino sempre num café na Oscar Freire. Geralmente estou entre os primeiros clientes a se sentarem nas mesas postas na calçada. Lá, peço algo enquanto olho presbiopemente o cardápio. Costumo me dar uma manhã de imprevisível saciedade. Deixo-me levar pelas mulheres e homens bonitos que passam, experimento da sua beleza faceira... aqueles trajes da manhã de sábado... caras de acordei agora, roupas fashionmente desarrumadas, todos numa performance que de tão estudada parece natural. Eu me incluo na mesma categoria. Fui olhar e ser visto, um deleite cheio de vaidades escusas.          Entre a minha pri...

Leiam "Bartleby, o Escrivão"!

          Há pouco tempo desabafei numa crônica que tinha “sede de ler um bom livro”, em minhas buscas semanais por algo interessante, chamou-me a atenção um livro pequeno, verde, costurado dos dois lados, logo, impossível de ser folheado. As letras da capa, que anunciavam o título do livro e o autor, bem como a tradução e o autor do posfácio, estavam impressas e escritas à maneira do século XIX. O inusitado projeto gráfico encheu-me os olhos imediatamente. Afinal, o que mais queria eu, ávido leitor, do que dar uma passeada no século XIX? Longe dos computadores, das páginas virtuais, dos e-books, e das novas tentativas da informatização de açambarcar o objeto livro?!          O autor sempre me atraiu, mas confesso que ainda não havia lido essa obra. Herman Melville, muito conhecido entre nós por “Moby Dick” é um dos maiores escritores americanos. E este “uns dos maiores” não é um elogio que apenas li, ...

Minha Época

Alguns amigos têm pedido incessantemente para que eu escreva contos ambientados em nossa própria época. Contemporâneos. Alguns até comentam que os contos que se passam na Antigüidade poderiam ser plenamente transportados sem prejuízo para o nosso momento. Sem desprezar a opinião dos meus amigos, acolhendo-a e desejando também que ela seja útil e verdadeira, penso que eles não sabem ou desconhecem o fato de que sou filho da Guerra Atômica. É, aquela que não houve. Aquela que não sabemos se haverá. Outros também não se lembram eu sou filho da máquina de escrever e da caneta e tive de adaptar-me ao computador (coisa, aliás, bem positiva). O que desejo dizer é que sou do tempo em que havia um terror no ar e menos pressa de que o mundo acabasse. Tínhamos tanto medo de perder a vida e o planeta que desejávamos ver as cores do mundo, os homens como semelhantes, os países como irmãos, etc, etc, etc. Hoje, apesar do pouco tempo em que essas coisas decorreram...o único medo que temos é de não en...

A Solidão não é má!

A solidão não é má. Ela é chata. Isole-se e fique satisfeito com isso e perceberá para que serve todo o resto que lhe ensinaram ao longo dos anos. Cresça, tenha amigos, arrume uma namorada, faça uma boa faculdade, aproveite a vida, divirta-se e depois case. Tenha filhos, veja-os crescer, orgulhe-se e envergonhe-se deles. Faça autocrítica. Separe-se da esposa, arrume outra ou vire gay. Importante, economize dinheiro e viaje todos os anos. Trabalhe e faça aquilo que você mais gosta. O trabalho, com certeza será seu melhor companheiro ao longo dos anos. Depois envelheça, feliz ou...não. Receba a gratidão ou ingratidão dos seus. Passe sessenta anos com seus melhores amigos, tomando cerveja, comendo, e comemorando o natal. Diga a si mesmo: Feliz Aniversário. Agora se você decidiu não fazer nada disso. Ou, fracassou mesmo em todas essas possibilidades. Então, você está sozinho. Aos poucos perceberá que a solidão não é má. O combate à solidão que se faz todos os dias na sociedade não é po...

A Pesada Carga do Heterossexual Masculino

Neste último Big Brother Brasil estamos tendo uma chance única. Os organizadores resolveram colocar ao menos três pessoas que assumiram uma condição homossexual. Dois deles mais efeminados e afetados. Até então tínhamos vistos homossexuais que se expressavam de outra forma. Alguns torceram seus narizes, outros, como eu, disseram: Bem, por que não? Outras vertentes gays, enrustidos, discretos, entendidos, já estiveram representadas. Faltam-nos agora os ursos, travestis, transgêneros... bem, provavelmente logo virão. Isso é legítimo e interessante uma vez que dá conta da diversidade sexual do país e do gênero humano. Mas, acompanhamos visualmente, gestualmente e verbalmente duas radicalizações distintas, a da homossexualidade e a da heterossexualidade masculina. Esta última menos suspeitada e nada esperada. Sou daqueles seres humanos que tendem ao equilíbrio em todas as coisas e relações, então, se dependesse do meu desejo o BBB seria apenas um delicioso chá de senhoras, onde todos rirí...

Clube Glória - V.I.P. - Você Importa Pouco!

Clube Glória - V.I.P. Very Important People Iniciemos com dois elogios. O Clube Glória tem uma proposta ótima, que de tão inusitada é difícil de acreditar que tenha funcionado: reunir as pessoas ligadas ao mundo da moda, quer sejam profissionais, fãs ou consumidores de moda. A proposta funcionou, e talvez a melhor prova seja que na maior parte do tempo a casa está lotada. É muito interessante ir ao Glória, pois é o único lugar de São Paulo, que eu conheço, que consegue ser surpreendente o tempo todo. Quando vou para lá não sei que tipo de música vou ouvir, há muita variação, e isso para mim é bom. Não é aquela coisa excessivamente homogênea de outros lugares. Os freqüentadores são um caso a parte. Também não imaginamos o que iremos encontrar na noite, sempre diferentes, diversificados e interessantes. A maior parte muuuuito jovem. Bem, mas até aí, grandes idéias criativas surgem deste meio e a energia e beleza da juventude são bastante atraentes. Também é o único lugar no qual me sint...

Sede de ler um bom livro

Hoje, mais uma vez perambulei por uma grande livraria. Fiz o que sempre faço. Pesei meus passos, parei em cada uma das prateleiras. Nas promoções, nas línguas estrangeiras... Nos nefastos livros encalhados do verão passado. Olhei cada uma das capas, li, com e sem interesse cada uma das “sinopses”, já não chamo mais a última capa pelo seu nome, pois só trazem sinopses ou elogios. O que me move a andar de livraria em livraria todos os finais de semana? O desejo de ler. Mas, não o puro e simples desejo de ler, este eu tive quando era criança. Assim que pude me afirmar nas primeiras sílabas e nas palavras cujo significado eu adivinhava, já sabia, não queria ler qualquer coisa, queria ler um livro que fosse algo. Fico olhando, para estes amontoados de papel com capas sensacionalistas, com títulos sensacionalistas e passadiços... Recheados de autores construídos em alguns dias e destruídos em menos de dois semestres. Fico admirado de ver o ilustre autor que desprezei com toda pompa no verão ...