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Da leveza da Morte - Representação e Eternidade

Retratos Mortuários. Confeccionados em Fayum, Egito, sécs. II e VI D.C.             Uma das perguntas mais recorrentes que ouço é, “por que você fala tanto de morte?”. E sempre o fazem com um tom misto de curiosidade e reprovação. Diria que é uma curiosidade retórica que só deseja dizer: “Este assunto é desagradável e mórbido, fale de outra coisa”. Minhas psicólogas, psicanalistas e até mesmo um psiquiatra - que gostava de colecionar Dom Quixotes de enfeite-, tinham e têm a tendência de dizer que sou mais ou menos habitado pela Pulsão de Morte, conceito de Freud pouco explorado pelo mesmo. Talvez eu não tenha nem a pulsão de vida e nem a de morte, talvez tenha uma pulsão meia vida, moribunda, uma pulsão desfalecida, ou quem sabe - ao final - uma pulsão zumbi. A brincadeira vem do fato que no meu caso, ninguém sabe quem veio primeiro o ovo ou a galinha. Mas, eu sei que primeiro veio o ovo, uma vez que os répteis são anteriores às galinhas e elas deles descendem. Sem enrolar, o fato é

Deus III - A sustentação essencial. O que é real? O que é realidade?

  Não dá para ilustrar este texto de forma adequada                 Há muito tempo atrás se alguém discutisse a realidade concreta das coisas e do cotidiano eu mandaria a pessoa “catar coquinhos”. Entretanto as experiências existenciais nos ensinam se permitimos. O tempo passou e tive vários aprendizados que considero importantes. Eles ajudaram a definir minha relação com o mundo e as pessoas. Nestas experiências, e vivências, passei a lidar com um real que é tênue. Perigosamente tênue. O risco de lidar com uma compreensão expandida do real e da realidade é perder o vínculo que torna as coisas entre nós inteligíveis e aceitáveis. Entretanto, não há nenhum caminho, místico ou não, que não passe pela discussão daquilo que nos parece óbvio, e obviamente verdadeiro, irretocável e irrevogável. Então, hoje vou refletir sobre a realidade física e social, vamos desmaterializá-la para só então, falarmos de imaginação. Mas usaremos a imaginação o tempo todo como método para essa discussão.  

Deus II - A dança: Som e fúria

O sagrado pode se manifestar no cotidiano              De todas as coisas sensórias que me envolveram desde sempre o som é uma das mais fascinantes. Trago grudado ao espírito o canto da pomba “fogo apagou” envolto pelo silêncio da fazenda, ambientando a solitude do jovenzinho que sentava-se na improvisada jardineira da avó e olhava longamente para o campo. De um lado o pasto a perder de vista e de outro o cafezal assentado no morro. De um pouco mais distante vinha o som do vento assoprando forte nos eucaliptos, só quem ouviu esta melodia que rasteja pelos ouvidos e dá profunda paz sabe como é a música e o perfume que juntos vem e quando junto deles estamos ainda toma nossa pele a sombra fresca do “calipial”.             Trago no espírito meu pai assoviando. Era um tempo onde os homens assoviavam, e fazer disso uma arte também era parte do seu quinhão. Só com o tempo eu saberia que o som nos afeta fisicamente antes de nos afetar o espírito. O som toca o nosso ouvido, toca fisicament

Deus - I O Devorador

  Deus me seduzindo            Esse não é um texto para relembrar o passado, mas uma tentativa de descrever o que não pode ser descrito.  Vou meter-me a falar do que não sei. Talvez seja exatamente assim, conhecemos muito e desconhecemos muito mais aquilo que realmente é importante. É como mãe, amamos muito mas às vezes nos damos conta do quão pouco a conhecemos. Entretanto, Deus, como o conheço, foi definido magistralmente pelo poeta indiano Rabindranath Tagore: “Sou um poeta e meu Deus só pode ser um Deus de poetas”. Então, só quem vive profundamente o ser poeta consegue traduzir em si o que isto significa.             Por aproximação tentarei dizer um pouco sobre isso. Uma definição destas não aparece em nosso coração na infância ou na puberdade, surge apenas quando ocorre um amadurecimento íntimo, que não tem idade para ocorrer. Podemos ter uma epifania em algum momento, mas ela só se consolida ao longo do tempo através de outros momentos assim. É como um “dejavu” não tem importâ

Qual o sentido da vida?

                   Em plena sexta-feira de manhã acordo com vontade de escrever sobre aquilo que para alguns não tem solução, ou é mesmo um tema que já está resolvido: Qual o sentido da vida? Tem pessoas, devido à sua simplicidade, para quem isso nunca foi uma questão. Eu mesmo só fui prestar atenção nisto quando estava na faculdade de História. Afinal, o que historiador mais faz é pensar em coisas semelhantes a esta. Mas vamos lá! O que é “sentido”? Sentido, neste caso, é direção. Da mesma forma quando você dirige um carro e ele vai num sentido, e outros carros vem em outro sentido; e às vezes você também tem de mudar de sentido quando faz uma curva ou quando entra a esquerda ou à direita. Sentido é direção. Então quando falamos em sentido da vida, estamos pensando sobre qual a direção que a vida deve tomar, onde se quer chegar com ela. A outra acepção para sentido seria significado. O que a vida significa, o que significa estar vivo. Por que estamos vivos, vivendo e o que fazemos c