Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo velhice

A Solidão no Tempo

  Sempre restará o Crochê              Das diversas solidões que existem uma é mais comum a todos nós, ou será: a Solidão no Tempo. Em outras palavras, sobreviver a quase todo mundo da sua geração e ao mesmo tempo ter mudado de lugar ou visto as coisas se transformarem completamente. Essa solidão é inexorável, só não ocorrerá se você morrer antes.             Em meu prédio há uma senhorinha (digo-o assim, pois é carinhoso) que tem provectos 98 anos. Ela caminha muito bem e sai todos os dias para dar uma agitada volta no quarteirão imenso no qual moramos. E sempre a encontro no meu passeio com os pinschers. De longe já vou cumprimentando-a e dando “dois dedos de prosa”, vejo-a com alegria e simpatia.   Já segredou a todos que me adora, pois segundo ela, “ele não tem vergonha de falar comigo na rua”. Meu coração despedaça cada vez que ouço algo assim. Faço questão de cumprimentar e falar com ela quanto posso, pois compreendo a solidão. Racionalizo o que sofre, mas não consigo saber o

E se Maria Madalena não for o que pensam?

           Sim, às vezes gosto de adicionar água à fervura. No século XX, e tão somente nele, a literatura e o cinema resolveram desdobrar (ampliar ficticiamente) o papel de uma personagem evangélica que - exceção feita ao momento da Ressurreição -, mal foi citada nos textos, Maria Madalena. E quando citada o foi igualmente a outras mulheres. Em torno dos anos 80, quando li com cuidado as referências a ela nos textos canônicos (Marcos, Mateus, Lucas e João) -, preocupava-me que no cotidiano a tínhamos como prostituta. Entretanto, eu já observava, nada aparecia ali que pudesse fazer com que se tirasse essa conclusão. Era um engano ou um engodo. Anos se passaram até que veio à público a informação da fusão desta personagem com outra, a da mulher adultera, por um Papa no século VI (Gregório Magno, em 593). Ele não o fez por maldade como dizem atualmente, as prostitutas romanas precisavam de uma santa padroeira, e na falta de uma que tenha tido essa profissão ele reinterpretou Maria Ma

Casamento “Que seja eterno enquanto dure...” ?

            Nem posso mais dizer a minha idade pois estou ficando datado. Depois de algumas décadas de existência, talvez por experiência, estou ficando um pouco retrógrado. Nos anos 80 enquanto o poeta Vinícius de Moraes e Toquinho tocavam violão em algum especial da Globo, a professora de Literatura nos levava a ler um poema do mesmo autor que se tornara muito popular naquele período “Soneto da Fidelidade” um belo texto. Ao final afirmava relativamente ao amor “Que seja infinito enquanto dure”. De tal forma essa frase se popularizou, atendendo a imperativos sociais, que acabou se transformando em “que seja eterno enquanto dure”, bastante popular no que tange a relacionamentos amorosos (e atualmente também quanto a empregos).             Nos início dos anos 80 um movimento que vinha subterrâneo ao longo dos anos acabou por emergir, era, sobretudo, uma necessidade social: o questionamento do casamento enquanto instituição - e principalmente, o papel da mulher no mesmo. Na época o s