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Mostrando postagens de junho, 2023

Deus - I O Devorador

  Deus me seduzindo            Esse não é um texto para relembrar o passado, mas uma tentativa de descrever o que não pode ser descrito.  Vou meter-me a falar do que não sei. Talvez seja exatamente assim, conhecemos muito e desconhecemos muito mais aquilo que realmente é importante. É como mãe, amamos muito mas às vezes nos damos conta do quão pouco a conhecemos. Entretanto, Deus, como o conheço, foi definido magistralmente pelo poeta indiano Rabindranath Tagore: “Sou um poeta e meu Deus só pode ser um Deus de poetas”. Então, só quem vive profundamente o ser poeta consegue traduzir em si o que isto significa.             Por aproximação tentarei dizer um pouco sobre isso. Uma definição destas não aparece em nosso coração na infância ou na puberdade, surge apenas quando ocorre um amadurecimento íntimo, que não tem idade para ocorrer. Podemos ter uma epifania em algum momento, mas ela só se consolida ao longo do tempo através de outros momentos assim. É como um “dejavu” não tem importâ

De pés descalços

  Hoje de manhã saí para passear com meus pinschers, e para minha surpresa, eu que nunca saio de chinelos, saí e um deles se rompeu. Vi-me na constrangedora situação de um pé calçado e outro não. Estava exatamente em frente a uma lixeira. Não tive a menor dúvida, tirei meu chinelos com carinho. Afinal era uma edição única da Havaianas, branca com tiras douradas, dez anos de parceria. Deixei-as com dó imaginando a galhofa dos lixeiros diante do objeto inusitado. E agora? Andaria descalço pelo chão sujo do centro da cidade? Bem, decidi que não existe chão limpo. Diante de 50 metros para voltar atrás e 500 metros para seguir adiante optei por seguir. Hão de concordar que trata-se de uma verdadeira aventura, pois exige coragem diante do novo   fui andando devagar para não machucar os pés diante das irregularidades do chão.   Foi bom, pois parecia uma massagem necessária e da qual eu não havia me dado conta. Logo um estranho sentimento de liberdade me invadiu. De pés colocados no ch

É preciso leveza em nossas relações. Pelo fim do autoritarismo cotidiano.

Assédio moral é autoritarismo              Há muitos anos atrás, quando eu era um estudante de História, ouvi dizer que o Brasil era um país autoritário. Que o brasileiro era um povo muito autoritário, e que isso se devia à nossa triste tradição escravocrata. Naquela época fui contra, pois para todos os lados que eu olhava não via nada disso.   O “brasileiro” - este conceito estranho que envolve milhões de pessoas num país de dimensões continentais, parece-me mais do que um atributo de identidade nacional um artifício de linguagem para dizer “nós”-, parecia-me tudo, menos autoritário.             Fui criado com as idéias de que “nós” somos cordiais, afáveis, gentis, alegres, festivos, sorridentes, persistentes, fortes e batalhadores. Alguma coisa disso devemos ser. Então onde é que estava o tal do autoritarismo? Provavelmente nos primeiros quatrocentos anos de História do Brasil. Porém, quatrocentos anos são quatrocentos anos. Uma pequena população aprendeu a serem donos e donas de