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Mostrando postagens de julho, 2023

Deus III - A sustentação essencial. O que é real? O que é realidade?

  Não dá para ilustrar este texto de forma adequada                 Há muito tempo atrás se alguém discutisse a realidade concreta das coisas e do cotidiano eu mandaria a pessoa “catar coquinhos”. Entretanto as experiências existenciais nos ensinam se permitimos. O tempo passou e tive vários aprendizados que considero importantes. Eles ajudaram a definir minha relação com o mundo e as pessoas. Nestas experiências, e vivências, passei a lidar com um real que é tênue. Perigosamente tênue. O risco de lidar com uma compreensão expandida do real e da realidade é perder o vínculo que torna as coisas entre nós inteligíveis e aceitáveis. Entretanto, não há nenhum caminho, místico ou não, que não passe pela discussão daquilo que nos parece óbvio, e obviamente verdadeiro, irretocável e irrevogável. Então, hoje vou refletir sobre a realidade física e social, vamos desmaterializá-la para só então, falarmos de imaginação. Mas usaremos a imaginação o tempo todo como método para essa discussão.  

Deus II - A dança: Som e fúria

O sagrado pode se manifestar no cotidiano              De todas as coisas sensórias que me envolveram desde sempre o som é uma das mais fascinantes. Trago grudado ao espírito o canto da pomba “fogo apagou” envolto pelo silêncio da fazenda, ambientando a solitude do jovenzinho que sentava-se na improvisada jardineira da avó e olhava longamente para o campo. De um lado o pasto a perder de vista e de outro o cafezal assentado no morro. De um pouco mais distante vinha o som do vento assoprando forte nos eucaliptos, só quem ouviu esta melodia que rasteja pelos ouvidos e dá profunda paz sabe como é a música e o perfume que juntos vem e quando junto deles estamos ainda toma nossa pele a sombra fresca do “calipial”.             Trago no espírito meu pai assoviando. Era um tempo onde os homens assoviavam, e fazer disso uma arte também era parte do seu quinhão. Só com o tempo eu saberia que o som nos afeta fisicamente antes de nos afetar o espírito. O som toca o nosso ouvido, toca fisicament

A Solidão no Tempo

  Sempre restará o Crochê              Das diversas solidões que existem uma é mais comum a todos nós, ou será: a Solidão no Tempo. Em outras palavras, sobreviver a quase todo mundo da sua geração e ao mesmo tempo ter mudado de lugar ou visto as coisas se transformarem completamente. Essa solidão é inexorável, só não ocorrerá se você morrer antes.             Em meu prédio há uma senhorinha (digo-o assim, pois é carinhoso) que tem provectos 98 anos. Ela caminha muito bem e sai todos os dias para dar uma agitada volta no quarteirão imenso no qual moramos. E sempre a encontro no meu passeio com os pinschers. De longe já vou cumprimentando-a e dando “dois dedos de prosa”, vejo-a com alegria e simpatia.   Já segredou a todos que me adora, pois segundo ela, “ele não tem vergonha de falar comigo na rua”. Meu coração despedaça cada vez que ouço algo assim. Faço questão de cumprimentar e falar com ela quanto posso, pois compreendo a solidão. Racionalizo o que sofre, mas não consigo saber o

A solidão é desumana

  O Pensador, Auguste Rodin              Solidão todo mundo sabe o que é. Alguns que a veem como algo positivo a chamam de solitude. Em termos simples a solidão é a ato de estar só. Fisicamente só é a primeira circunstância deste fato. Pode-se estar nesta situação porque é alguém que cuida de um farol numa ilha deserta ou se é um caseiro viúvo - sem filhos - que cuida de uma chácara.   Essas circunstâncias são menos comuns. A solidão é tanto mais suportável quando se sabe que ela terá um fim. Fica o preso na cela “solitária” sofre, mas sabe que sairá de lá. Então, ser solitário e ter esperança faz uma grande diferença no que o indivíduo sente. Até na prisão a solidão é castigo.             Entretanto, precisamos distinguir entre solidão e isolamento. As pessoas isolam-se - ou são isoladas - por diversos motivos, e algumas o fazem para estarem sozinhas. Apesar de dizerem que somos animais sociais, gregários, é bastante comum que busquemos momentos para ficarmos sós. Estes momentos pod