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Mostrando postagens de novembro, 2023

Os homens. A História não contada. Quem nos diz que somos gays. Parte III

( ALERTA: ESTE TEXTO CONTÉM PALAVRAS E EXPRESSÕES VULGARES, CUJO USO É NECESSÁRIO) O Curral das Zebras Marlon Brando O que aconteceu nos anos 80 , relativamente aos homens que gostavam de homens, a repercussão da AIDS e do discurso científico sobre a mesma, e a discussão social sobre este “gosto dos homens”, foi uma catástrofe .   Essa conjunção de fatores sociais, biológicos e de divulgação massiva pelos meios televisivos caiu feito uma bomba numa sociedade desinformada. Na realidade não existiam informações! Não adiantava procurar por elas, logo, sem chances de reflexão elaborada sobre o assunto.  O tema já vinha corrompido, filtrado por diversos vieses e nenhum deles era positivo. No colo dos jovens rapazes dos anos 80, que se encaminhavam para o silêncio de sempre, caiu a bomba, “não só era pecado, como poderia matar”. Na mídia começavam a explicar para todos quem eram estes homens que gostavam de homens. Explicavam sem explicar, como fazem até hoje com muita coisa. Estranhamente e

Os homens, a história não contada. A pornografia e as transformações sociais da AIDS - II

  (Continuo aqui o texto anterior. Passaremos incialmente pelos anos setenta, a televisão e suas influências e chegaremos aos poucos até os anos 90 e as profundas transformações sociais e sexuais que ocorreram na sociedade). Começavam os anos 70 e éramos apenas amigos! Uma das coisas que me passavam pela cabeça quando era menino (05/07 anos) é que eu deveria ter nascido mulher. Mas isso ocorria não porque eu desejasse os homens, mas porque eu era, desde aquela época, bastante caseiro e não queria sair de casa e nem ver pessoas. Depois aprendi a ler e tudo o que eu queria era mais silêncio e menos pessoas. Depois veio a música e aí eu queria ainda mais silêncio e nenhuma pessoa. Mas para um homem essas coisas não eram possíveis. Homens deveriam ficar o dia todo fora de casa trabalhando e fazendo coisas que não gostavam, pois era necessário para sustentar a casa. Então, o Luizinho queria ter nascido mulher para ser “sustentado” e ficar em casa. E eu não achava a vida doméstica tão terrív

Os homens, afetos e desejo - A história não contada. Contexto e lugar de partida - I

O inferno angustiante do desejo Hoje quero refletir sobre um assunto do qual eu deveria saber muito, mas confesso que quanto mais aprendo, menos sei e muito menos acredito. E infelizmente não estou sendo modesto e nem socrático. Quero abordar o tema a partir do ponto de vista de alguém que viveu em outra época e que nela tinha medos, necessidades e expectativas e principalmente, tinha um futuro pela frente com o qual sonhava, mas não sabia o que seria deste tempo. Assim que eu disser a palavra, as pessoas irão abandonar a leitura, imaginando que “lá vem mais um falar do mesmo...” Confie em mim e apenas continue lendo, hoje irei falar sobre as necessidades, emoções, expectativas, vitorias e frustrações dos homens que gostam de homens.   Se não usei o termo socialmente aceito é porque de alguma forma ele está carregado de ideias e informações nem sempre corretas ou interessantes. Pode ser que eu o use mais tarde, mas por ora não.             Acredito que neste texto falo, sobretudo,