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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

O nome da coisa - cultura contemporânea

          A cultura midiática hoje deseja fazer de nós a geração do nome (nem adianta procurar o conceito, inventei agora). A cada semana, mês ou temporada batizam alguma coisa com um nome novo ou reaproveitado, e logo começam a surgir vídeos, frases e pessoas, explicando o novo. Dizendo o quanto isso é importante e como você não sabe do que se trata. Recomendam que se atualize. Todos os vídeos começam com a frase “Você sabia que?” E claro você não sabia, porque não é importante saber. Entretanto querem afirmar a sua ignorância e pequenez diariamente. É inventando a sua ignorância que eles ganham a sua atenção. Não por que essas pessoas sejam más, nem sabem ao certo o que estão fazendo, só desejam sobreviver e não lhes importa muito como. Quem tem consciência não faz vídeos, faz retiros. "Toma, coma essa banana!"             Uma rápida visita ao Youtube e você saberá os nomes da vez. A cada busca que realizar te trazem de volta mais e mais nomes para você decorar e aprende

Campanha contra assédio sexual no Carnaval (?)

Existem coisas nas quais acredito, mas cuja prática precisa ser melhor pensada.             Desde que o mundo é mundo sempre existiu uma festa que tinha a mesma finalidade que o nosso conhecido carnaval: virar o mundo do avesso, romper todas as regras, se vestir do contrário, avacalhar, romper a ordem, mijar e cagar em público, transar e se arrepender depois, virar pai de dez crianças ou filho de dez homens. Vomitar, vomitar e vomitar! Botar pra fora toda a porcaria que a sociedade disfarçada de vida faz as pessoas engolir. Todo mundo pode tudo, até quem não possa nada. É por isso que o Carnaval existe, não é pra ouvir marchinha e nem seguir trio elétrico. Ouvir musica alta e seguir carro de som você pode fazer em qualquer época do ano. Se está com medo de sofrer assédio sexual no Carnaval é melhor aguardar a Marcha pra Jesus.             Jamais poderia ser contra o “não é não”, afinal, não sou muito assediado, geralmente sou ameaçado, mas uso isso o dia inteiro nesse país. O abuso

Se não têm arroz que comam macarrão! EPTV 1

Parodiando Maria Antonieta, “Se não têm arroz que comam macarrão!” Sei que nem todos lembram logo de manhã de uma Rainha guilhotinada ao final do século XVIII. Entretanto, é difícil não tê-la em frente aos olhos, completamente fora da realidade, quando escutando o rugido das multidões fora do palácio, perguntou aos serviçais: “Por que gritam tanto? O que quer o povo?” E um deles de boa mente respondeu, parecendo-lhe uma obviedade: “Majestade, o povo não tem pão!” Ao que – reza a lenda – ela respondeu prontamente, não como desaforo, mas com ingênua displicência: “Ora, que comam Brioches então!” Pela terceira vez, em menos de dois meses assisti nos telejornais um arremedo de mau gosto desse conhecido caso. A Rainha era rainha, intocável e praticamente intocada. Fôra criada num mundo completamente à parte da população. Era mais uma avis rara do que uma pessoa. Por isso podemos desculpar a sua alocução ignorante. Todavia, ouvir o eco da sua burrice na atualidade, vindo de profissionai

Adeus, Livraria Cultura!

            " Sábios e sábias sabiando burburinhos, murmúrios e gorgulhos imitando gorjeios de passarinhos"   Assim te louvarei:   “Como era doce passear por teus espaços, flanar por teus becos e veredas; quão bom era demorar-me por entre tuas estantes, pegar um livro, folheá-lo com ar de seriedade, ajeitar os óculos, por nos lábios um sorriso maroto cúmplice com o autor, ou na esquina do lábio o esgar de um sorriso cínico e sarcástico. Quanta graça no ritual de estender a mão e escolher mais um tomo, retirá-lo ligeiramente do lugar e deixa-lo como estava. Como que dizendo “esse não”, compreendendo tudo pela capa. E tu estavas lá, acolhedora, propiciando o meu vagar. Quantas vezes mirei as crianças brincando, correndo por aquele lugar, algumas com livros nas mãos. Era como se pudesse ver com otimismo as futuras gerações. Louvada sejas tu, ó livraria, que sempre teve as portas abertas para acolher. Em meio ao inferno da Paulista fazias a vez de templo, onde o bom Deus se e

O ChatGpt e a área da Comunicação em polvorosa. Será o fim da carreira?

“O ChatGpt não é nada mais, nada menos do que o taylorismo aplicado às práticas intelectuais”.   Desde o primeiro momento do lançamento do ChatGpt as reações dos professores doutores pesquisadores das universidades têm sido diversas, entretanto, podem ser divididas em três posicionamentos básicos 1. Negação 2. Tergiversação 3. Entrega. Não me predisporei a explicar a obviedade destes posicionamentos, é desnecessário. Não estava desejoso de tocar neste assunto novamente uma vez que o fiz no ultimo texto aqui publicado. E ntretanto, instado por conhecidos, decidi esmiuçar a questão um pouco mais.             Observemos inicialmente pelo aspecto funcional. O chatGpt é uma ferramenta, e sua finalidade é processar e produzir textos. Em realidade, processa e organiza de forma inteligível informações de todos os tipos e “induz” o seu manipulador a determinadas leituras destas mesmas informações e dados. Como ferramenta, existe algo que não precisa ser questionado, ela será usada. En