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Entretanto...

"Toda luz é meio bruxuleante diante da escuridão.." Thiago acendeu uma vela de Natal e a colocou sobre a pequena mesa. Olhou à sua volta e não conseguia acreditar no que restara depois de tudo, uma quitinete. Não me via, pois tudo estava imerso em trevas, e com elas me confundo. Perguntava-se, imerso em desânimo “Foi para isto que vim pra cidade grande?!” Décadas de luta, sonhando em vencer numa carreira e tentando realizar o que aprendera desde cedo, construir um lar. Senão um lar, uma casa. E ter uma casa não era como ter um carro. Um carro significava poder e satisfação. Mas a casa era a suprema vitória, na qual haveria o repouso do leão. Agora quase seis décadas o batiam, desde a juventude empreendera uma feroz luta pela sobrevivência. Apoio da família tivera e não tivera, aquela coisa inconstante. Para suprir essa falta acreditou fortemente em Deus. Pois, criado como um subalterno não poderia acreditar em si. E estranhamente, acreditou nas pessoas. Essa a coisa mais tola

Os homens. Ciência e safadeza... Da natureza da coisa. Parte III B

Da Natureza da coisa... James Dean Este texto começa com o título de “A natureza da coisa...” Quase chegou ao fim e eu não disse muito sobre o cerne da questão. Logo no inicio dos anos 90 busquei muitos livros para me informar. Uma boa parte deles era bibliografia muito recente, e os encontrei porque estava na Unicamp. Então, de memória lembro de ter lido Ronaldo Vainfas, Luiz Mott, Michel Foucault, Geerz e outros tantos. Lembro que tinha uma bibliografia de doze livros, foi tudo o que consegui. Não era apenas o desejo de saber, havia a curiosidade quase médica, cientifica de entender a mim mesmo e a todos os demais. E fazer o correto. Ah, a ciência é legal, mas em nome dela fizeram muita bobagem. Até os anos 70, esse desejo dos homens era conhecido pela religião e parte do povo por ser uma perversão. Em outras palavras, safadeza. Mas safadeza pode ser divertida, pode ser má, pode ser castigada, pode ser repetida, ela não é natureza biológica e nem escolha de vida. A idéia de que

Os homens. A História não contada. Quem nos diz que somos gays. Parte III

( ALERTA: ESTE TEXTO CONTÉM PALAVRAS E EXPRESSÕES VULGARES, CUJO USO É NECESSÁRIO) O Curral das Zebras Marlon Brando O que aconteceu nos anos 80 , relativamente aos homens que gostavam de homens, a repercussão da AIDS e do discurso científico sobre a mesma, e a discussão social sobre este “gosto dos homens”, foi uma catástrofe .   Essa conjunção de fatores sociais, biológicos e de divulgação massiva pelos meios televisivos caiu feito uma bomba numa sociedade desinformada. Na realidade não existiam informações! Não adiantava procurar por elas, logo, sem chances de reflexão elaborada sobre o assunto.  O tema já vinha corrompido, filtrado por diversos vieses e nenhum deles era positivo. No colo dos jovens rapazes dos anos 80, que se encaminhavam para o silêncio de sempre, caiu a bomba, “não só era pecado, como poderia matar”. Na mídia começavam a explicar para todos quem eram estes homens que gostavam de homens. Explicavam sem explicar, como fazem até hoje com muita coisa. Estranhamente e

Os homens, a história não contada. A pornografia e as transformações sociais da AIDS - II

  (Continuo aqui o texto anterior. Passaremos incialmente pelos anos setenta, a televisão e suas influências e chegaremos aos poucos até os anos 90 e as profundas transformações sociais e sexuais que ocorreram na sociedade). Começavam os anos 70 e éramos apenas amigos! Uma das coisas que me passavam pela cabeça quando era menino (05/07 anos) é que eu deveria ter nascido mulher. Mas isso ocorria não porque eu desejasse os homens, mas porque eu era, desde aquela época, bastante caseiro e não queria sair de casa e nem ver pessoas. Depois aprendi a ler e tudo o que eu queria era mais silêncio e menos pessoas. Depois veio a música e aí eu queria ainda mais silêncio e nenhuma pessoa. Mas para um homem essas coisas não eram possíveis. Homens deveriam ficar o dia todo fora de casa trabalhando e fazendo coisas que não gostavam, pois era necessário para sustentar a casa. Então, o Luizinho queria ter nascido mulher para ser “sustentado” e ficar em casa. E eu não achava a vida doméstica tão terrív