Início da viagem
Para quem tem tantas opções, o terror parece ser a mais segura delas.
Tão claros são os olhos dos que partem...
Radiosos em direção ao futuro...
Incertos... e... despertos
Para quem tem tanto...
Tão pouco é restado,
Tão pouco...
Tão pó,
Tão circunstanciado.
Desejos não são mais do que sombras do passado.
O futuro é o deleite dos tolos...
Início II
O garoto de Itápolis que se olhava na vidraça
Ainda se olha na vidraça...
Ainda encontra seus próprios olhos refletidos,
Num dia de chuva...
O garoto que se via
Aina se vê...
E seus olhos cheios de medo..
Ainda estão lá...
Fitando-o...na mesma medida que os olha.
Incapaz de ver atravésdos vidros..
Incapaz...
Pára diante de seus próprios olhos...
Pára..
E nada mais vê.
Tem medo de si?
Tem medo de ver mais?
Tem medo?
Será que é a chuva que não pára,
Será que são os olhos,
Será, enfim, apenas o menino?
O garoto de Itápolis que se olhava na vidraça,
Ainda se olha...
Ainda se olha..
Ainda se olha...
E tem medo,
E tem dor...
E ..não tem nada!
Garotos não se possuem,
Garotos não se nada...
Garotos...
Garotos de corpos frescos..
Garotos de medo...
De terror...
De angústia...
Atravessar a vidraça...
E, qual o mundo real,
Oque atravessa o vidro, ou
O que nele se mantêm?
Detém-se em seus olhos..
Única segurança de suas grandes dúvidas.
Ainda se olha o garoto,
Ainda se vê se vendo,
E ainda não entende aquele mundo lá fora,
Para além da segura vidraça de seus olhos,
A segurança do eterno espelho.
Frase
“ Engraxates não usam sapatos”
Terracotas pueris
Tanta ciência para perder-se num misticismo tardio,
Se meu respeito fosse um encontro
Entre o ser e o não ser,
poderia eu dizer que ele nãda seria,
nulidade, nulidade, nulidade...
Mas, em vão devaneia o homem,
com suas insuficientes chagas de verdade
E clama para que o mundo realize as suas projeções
Fantasiosas (?)
Pueris, terracotas pueris,
eternas no entanto.
E se são sagradas as imagens, horríveis
e profanas, que será do homem, então?
Duende tardio? Mágico de Oz?
Alice?
Ilusão. Apenas ilusão.
Espaço por onde nos movemos
espaço por onde nos esquecemos.
Preparado estou para
confessar minhas derradeiras profecias...
Início da viagem IIISoletrar cada vírgula de um poema de saudade...
Engolir cada cântaro da primeira amargura,
E esquecer cada momento vivido...
Não lembrar, não evocar,
Fazer perecer as imagens das pessoas amadas,
E soluça-las emeio a vãs esperanças.
Pecados tenho que necessitam ser castigados
Sou meu algoz ou
A vida toprnou-se em carrasco dos tolos?
Sou a suprema expressão de liberdade ou
A existência tem correntes de possibilidade?
Vou fazendo deste desfecho motivo de felicidade,
Vou fazendo deste adeus um retorno breve
aos braçoas de minha antiga ansiedade....
Vilhena-Marco Zero
Aqui é um lugar que parece estar apenas na minha imaginação...
Há tanta paz esilêncio
Como se tivesse ncontrado
o eixo da tranqüilidade.
Vilhena está na beira do universo,
é o Valhala sonhado,
apenas não tem Valkírias.
Eu sou Thor e Lóki está ausente...
Nada justifica minha poesia,
e inúteis parecem minhas baforadas...
Vim como um cavaleiro dos Céus,
e neste navio blindado que me trouxe
espero voltar aos meus...
Este lugar não existe,
agora parece um sonho,
do qual irei acordar - um dia -
em minha realidade.
Por enquanto é paz e silêncio
Um marco-zero, onde tudo começa
e termina...
Onde não estou é o lugar onde todos estão acordados,
permaneço dormindo e imerso no meu sonho
sei que agora sou apenas a imaginação dos que permaneceram...
Permanência IÉ imoral este teu carinho,
imoral...
Não calando este anseio
obriga-me a entregar-me.
Coloco estas catas num correio,
e, endereçadas ao infinito,
sei que não irão encontrar-te.
Este teu corpo paira num tempo,
num tempo onde não me encontro,
seguido de um desencanto,...
Vai nosso pesadelo...acordando,
é imoral este teu desejo,
imoral...
Permanência II
Olha que este prazer que tenho para te dar,
ele acaba...
Olha que o que tenho...se perde...
Ele é vão,
ele é vão...
em si mesmo ele se consome.
Enquanto sonho, enquanto parto,
ele foge, ele some,
Olha que o que tenho... se vai...
É como brisa, refresca,
e quando se começa a senti-lo,
lá se foi...
Olha que ele é teu...
Olha que ele se foi....
Olha...
Nem fique mais atento,
O que eu tinha já acabou.
Permanência III
Eu tenho essas ruas escuras em mim,
Essa tera que gruda em meus pés quando caminho,
Esse sossego de avatares esquecidos...
Eu tenho essa fome de estrelas,
Destas da Via-Láctea, destas das ruas de Vilhena;
Fome, sêde e suor, de paz.
Permanência IV
O peso de minha medida é a agonia das horas;
e se elas brotam desesperadas,
pelos ponteiros de um relógio,
Então que venham seus números fosforescentes
iluminarem minhas noites,
de medo e angústia.
O peso de minha medida é o cifrão,
que irreconhecido dinheiro, se desapega e parte,
como quem não sabe os caminhos a serem trilhados.
Bebo meu salário numa cuia
e em pouco tempo o chimarão será
o único apoio , qu’esta alma terá
em tardes e noites úmidas e frias.
Permanência VIEu deito, nesta tua boca,
como uma palavara de saudade,
há muito esquecida.
Eu te quero, e você me cospe,
como uma saliva (curadoura),
mas, excessiva.
Assim, palavra e saúde, perdendo-se de ti,
encontram-se em mim.
Como um leite de esperança,
arrancado às tetas saguinolentas
de uma vaca.
“A esperança é como
uma mula manca, apenas
aguarda o momento de
ser sacrificada.”
Criminoso
Meu silêncio é criminoso...
Teu ruído pode ser a diferença,
entre um delito e um desejo...
Meu trânsito é um passo...
entre as estrelas e a morte,
a diferença é a eternidade,
o infinito...
e tempo para tanto...
Lombroso, horrorozo!?
Como fingir, que não havia
razão na sua desrazão?
Como omitir que nos olhos,
nas faces, nos corpos...
tão claras estão
as personalidades e as verdades?
Vejo as formações cranianas...
A pele e sua suavidade,
A textura os cabelos...
A umidade das bocas...
O sabor das línguas...
Como omitir?
Razão ou desrazão?
Teu erro foi ser frio,
O meu, frívolo....
Tua medida o picarâmetro,
a minha...o desejo...
O fato é que o sêmen se
derrama pelas ladeiras do corpo...
Abrindo caminhos não navegados...
O fato é que ele jorra aos borbotões
com cremosa suavidade, deslizando
pelas âncas,... descendo...descendo....
pelas coxas saborosas....
E, quando ele acontece....
Todo o frenesí descansa
Num delicioso gemido aliviado...
E, espuma num corpo, ainda
não fatigado de prazer...
O fato é que ele de novo se derrama,
mais uma ves descobindo caminhos não trilhados...
Então... de novo e de novo...
Até que ele não mais se derrame...
Apenas força contra força,
todoo seu sentido,
trazer teu corpo no meu
dominado...
Desa forma fica explicitado que,
capa de mentira, ele esconde
todo o prazer que jaz na imaginação...
Então, a minha imaginação escorre
pelas tuas âncas, descendo...descendo...
divertindo-se nas tuas saborosas coxas...
E, imaginando...imaginados,
guardando na boca um sabor amargo
do primeiro prazer ainda não fatigado....
Espumam em nossos corpos nossas imagens,
sêmen tão desejado.
I
Cadáver,
vêm boiando essas idéias,
por lagos infinitos...
Cadáver,
louvado, lamentado, benigno e
maligno, vociferado, cantado,
fétido,...
Cadáver,
onde ansiamos e construímos,
fazemos sexo, fumamos e
amamos;
Em decomposição...a eternidade é
um cadáver
do qual nos alimentamos.
II
Não, a eternidade não se alimenta de nós!
Não, ela não se importa.
Não, ela não está viva...
Não, ela não se recria...
Sim, um dia não haverá mais alimento...
Sim, ela continuará se nós...
e, aí...
Cadáver,
nós seremos cadáver,
cadáver...
Encontrei teu corpo boiando no rio...
A água batendo sobre a pele, fria
teus mamilos endurecidos e, mortos...
lambidos pelos desejos do rio.
Encontrei teu corpo... ví seus músculos
luzidíos refulgindo do abraço da água,
úmidos e brilhantes...tua pele dura...
Trouxe-te para a margem,e
com a lâmina do meu beijo,
cortei a tua carne,
esfacelei-te aos pedaços e
comi...
como se faz com as ameixas maduras,
sentindo escorrer o sugo, o líquido...
da água d’onde retirei-te.
Repetindo o fluxo do rio eu me fiz homem
contigo, aprendendo-me do teu corpo,
acariciando-me de ti,
improvisando a solidão da carne...
Encontrei teu corpo no rio e...
fiz dele um barco por onde navego meus desejos...
Tua fria pele no calor de minhas âncas,
Teus cabelos úmidos esfriando minhas ânsias,
Meus gemidos silenciosos... diante da violência
de tuas coxas brutas.
O teu rítmo de cadáver abandonado ao rio,
seu silêncio generoso,
desaguando em mim...
novidades...novidades...
Retirei-te do rio...agora, afoga-me...
Deixa-me sentir a febre de querer respirar,
deixa-me amassado pelo teu corpo;
e antes que eu respire, arranca de mim este gozo:
o de ser morto, por este corpo, que retirei do rio...
Sussurra no meu ouvido...e que eu nada entenda...
torture meus mamilos...e que seu castigo,
me arranque gemidos... doloridos...
e faça-me sentir todas as dores...e...nenhuma.
Dominado pelo teu abraço,
não deixe qualquer engano...
possuído, possuindo, me tens...
Possessivo, possuído, abandonado...
num teu silêncio o meu gemido!
Retirei teu corpo do rio,
sem saber que era o meu que retirava.
Você sabe meu senhor,
o que é beber uma xícara de café,
gelado?
Você sabe, meu senhor,
o que é um último cigarro,
onde não tem mais cigarros?
Sabe o que é estar manco, do bolso
e aleijado, da razão,
numa terra sem muletas?
Sabe oque é, meu senhor,
as pessoas passando, olharem
e nao te verem?
Isto, meu senhor, é um último
e desesperado cigarro, apagado
num resto de café gelado.
Se soubesse que eu era a fumaça,
teria ficado mais tempo pelo ar,
sem esvanecer com preciptação.
Se soubesse, meu senhor,
teria deixado marcas de fumo nas paredes...
num gesto desesperado,
para não ser esquecido...
Até chegar a café gelado e um último cigarro,
meu senhor,...
você sabe, muita coisa aconteceu...
A fumaça que antes eu era,
até ela, até ela... já se perdeu.
Penso que as estrelas são só para mim;
que o céu e o espaço são só meus;
que a terra não tem outro dono;
Que as pessoas, são só minhas,
com suas mesquinharias e sonhos
Tudo me pertence...
Só por isso posso
deixá-los livres...
Minha fome de posse está saciada,
e, também, a de ser possuído.
A poeira disse para a lama:
“Eu e você somos iguais,
só escolhemos namorados diferentes;
Você a água,
E eu, o vento...”
Quem entende do desejo
e porque ele se manifesta?
Raramente expresso,
poucas vezes realmente realizado,
Quem entende do desejo,
que acontece porque acontece
e não pode ser explicado?
O desejo permitido...
O desejo interditado
O desejo...desejando
ser realizado.
Quem entende este impróprio alívio?
O prazer de não mais sentir-se pressionado.
O desejo sufocando e matando ao poucos,
até obter... o ente, desejado.
Que importa se é uma criança?
Que importa se é um homem?
Que importa se é uma mulher,
ou um outro animal qualquer?
Incontrolado, o desejo permanece
dominador jamais dominado.
Quem sabe onde, quando e como se manifestará?
Quem tem coragem de confessá-los todos?
Quem a si mesmo os diz?
Quem a si mesmo os confessa?
Quem a si mesmo os perdoa?
“Brinco com teu cadáver,
porque sei que os vermes
irão tardar...”
Para quem tem tantas opções, o terror parece ser a mais segura delas.
Tão claros são os olhos dos que partem...
Radiosos em direção ao futuro...
Incertos... e... despertos
Para quem tem tanto...
Tão pouco é restado,
Tão pouco...
Tão pó,
Tão circunstanciado.
Desejos não são mais do que sombras do passado.
O futuro é o deleite dos tolos...
Início II
O garoto de Itápolis que se olhava na vidraça
Ainda se olha na vidraça...
Ainda encontra seus próprios olhos refletidos,
Num dia de chuva...
O garoto que se via
Aina se vê...
E seus olhos cheios de medo..
Ainda estão lá...
Fitando-o...na mesma medida que os olha.
Incapaz de ver atravésdos vidros..
Incapaz...
Pára diante de seus próprios olhos...
Pára..
E nada mais vê.
Tem medo de si?
Tem medo de ver mais?
Tem medo?
Será que é a chuva que não pára,
Será que são os olhos,
Será, enfim, apenas o menino?
O garoto de Itápolis que se olhava na vidraça,
Ainda se olha...
Ainda se olha..
Ainda se olha...
E tem medo,
E tem dor...
E ..não tem nada!
Garotos não se possuem,
Garotos não se nada...
Garotos...
Garotos de corpos frescos..
Garotos de medo...
De terror...
De angústia...
Atravessar a vidraça...
E, qual o mundo real,
Oque atravessa o vidro, ou
O que nele se mantêm?
Detém-se em seus olhos..
Única segurança de suas grandes dúvidas.
Ainda se olha o garoto,
Ainda se vê se vendo,
E ainda não entende aquele mundo lá fora,
Para além da segura vidraça de seus olhos,
A segurança do eterno espelho.
Frase
“ Engraxates não usam sapatos”
Terracotas pueris
Tanta ciência para perder-se num misticismo tardio,
Se meu respeito fosse um encontro
Entre o ser e o não ser,
poderia eu dizer que ele nãda seria,
nulidade, nulidade, nulidade...
Mas, em vão devaneia o homem,
com suas insuficientes chagas de verdade
E clama para que o mundo realize as suas projeções
Fantasiosas (?)
Pueris, terracotas pueris,
eternas no entanto.
E se são sagradas as imagens, horríveis
e profanas, que será do homem, então?
Duende tardio? Mágico de Oz?
Alice?
Ilusão. Apenas ilusão.
Espaço por onde nos movemos
espaço por onde nos esquecemos.
Preparado estou para
confessar minhas derradeiras profecias...
Início da viagem IIISoletrar cada vírgula de um poema de saudade...
Engolir cada cântaro da primeira amargura,
E esquecer cada momento vivido...
Não lembrar, não evocar,
Fazer perecer as imagens das pessoas amadas,
E soluça-las emeio a vãs esperanças.
Pecados tenho que necessitam ser castigados
Sou meu algoz ou
A vida toprnou-se em carrasco dos tolos?
Sou a suprema expressão de liberdade ou
A existência tem correntes de possibilidade?
Vou fazendo deste desfecho motivo de felicidade,
Vou fazendo deste adeus um retorno breve
aos braçoas de minha antiga ansiedade....
Vilhena-Marco Zero
Aqui é um lugar que parece estar apenas na minha imaginação...
Há tanta paz esilêncio
Como se tivesse ncontrado
o eixo da tranqüilidade.
Vilhena está na beira do universo,
é o Valhala sonhado,
apenas não tem Valkírias.
Eu sou Thor e Lóki está ausente...
Nada justifica minha poesia,
e inúteis parecem minhas baforadas...
Vim como um cavaleiro dos Céus,
e neste navio blindado que me trouxe
espero voltar aos meus...
Este lugar não existe,
agora parece um sonho,
do qual irei acordar - um dia -
em minha realidade.
Por enquanto é paz e silêncio
Um marco-zero, onde tudo começa
e termina...
Onde não estou é o lugar onde todos estão acordados,
permaneço dormindo e imerso no meu sonho
sei que agora sou apenas a imaginação dos que permaneceram...
Permanência IÉ imoral este teu carinho,
imoral...
Não calando este anseio
obriga-me a entregar-me.
Coloco estas catas num correio,
e, endereçadas ao infinito,
sei que não irão encontrar-te.
Este teu corpo paira num tempo,
num tempo onde não me encontro,
seguido de um desencanto,...
Vai nosso pesadelo...acordando,
é imoral este teu desejo,
imoral...
Permanência II
Olha que este prazer que tenho para te dar,
ele acaba...
Olha que o que tenho...se perde...
Ele é vão,
ele é vão...
em si mesmo ele se consome.
Enquanto sonho, enquanto parto,
ele foge, ele some,
Olha que o que tenho... se vai...
É como brisa, refresca,
e quando se começa a senti-lo,
lá se foi...
Olha que ele é teu...
Olha que ele se foi....
Olha...
Nem fique mais atento,
O que eu tinha já acabou.
Permanência III
Eu tenho essas ruas escuras em mim,
Essa tera que gruda em meus pés quando caminho,
Esse sossego de avatares esquecidos...
Eu tenho essa fome de estrelas,
Destas da Via-Láctea, destas das ruas de Vilhena;
Fome, sêde e suor, de paz.
Permanência IV
O peso de minha medida é a agonia das horas;
e se elas brotam desesperadas,
pelos ponteiros de um relógio,
Então que venham seus números fosforescentes
iluminarem minhas noites,
de medo e angústia.
O peso de minha medida é o cifrão,
que irreconhecido dinheiro, se desapega e parte,
como quem não sabe os caminhos a serem trilhados.
Bebo meu salário numa cuia
e em pouco tempo o chimarão será
o único apoio , qu’esta alma terá
em tardes e noites úmidas e frias.
Permanência VIEu deito, nesta tua boca,
como uma palavara de saudade,
há muito esquecida.
Eu te quero, e você me cospe,
como uma saliva (curadoura),
mas, excessiva.
Assim, palavra e saúde, perdendo-se de ti,
encontram-se em mim.
Como um leite de esperança,
arrancado às tetas saguinolentas
de uma vaca.
“A esperança é como
uma mula manca, apenas
aguarda o momento de
ser sacrificada.”
Criminoso
Meu silêncio é criminoso...
Teu ruído pode ser a diferença,
entre um delito e um desejo...
Meu trânsito é um passo...
entre as estrelas e a morte,
a diferença é a eternidade,
o infinito...
e tempo para tanto...
Lombroso, horrorozo!?
Como fingir, que não havia
razão na sua desrazão?
Como omitir que nos olhos,
nas faces, nos corpos...
tão claras estão
as personalidades e as verdades?
Vejo as formações cranianas...
A pele e sua suavidade,
A textura os cabelos...
A umidade das bocas...
O sabor das línguas...
Como omitir?
Razão ou desrazão?
Teu erro foi ser frio,
O meu, frívolo....
Tua medida o picarâmetro,
a minha...o desejo...
O fato é que o sêmen se
derrama pelas ladeiras do corpo...
Abrindo caminhos não navegados...
O fato é que ele jorra aos borbotões
com cremosa suavidade, deslizando
pelas âncas,... descendo...descendo....
pelas coxas saborosas....
E, quando ele acontece....
Todo o frenesí descansa
Num delicioso gemido aliviado...
E, espuma num corpo, ainda
não fatigado de prazer...
O fato é que ele de novo se derrama,
mais uma ves descobindo caminhos não trilhados...
Então... de novo e de novo...
Até que ele não mais se derrame...
Apenas força contra força,
todoo seu sentido,
trazer teu corpo no meu
dominado...
Desa forma fica explicitado que,
capa de mentira, ele esconde
todo o prazer que jaz na imaginação...
Então, a minha imaginação escorre
pelas tuas âncas, descendo...descendo...
divertindo-se nas tuas saborosas coxas...
E, imaginando...imaginados,
guardando na boca um sabor amargo
do primeiro prazer ainda não fatigado....
Espumam em nossos corpos nossas imagens,
sêmen tão desejado.
I
Cadáver,
vêm boiando essas idéias,
por lagos infinitos...
Cadáver,
louvado, lamentado, benigno e
maligno, vociferado, cantado,
fétido,...
Cadáver,
onde ansiamos e construímos,
fazemos sexo, fumamos e
amamos;
Em decomposição...a eternidade é
um cadáver
do qual nos alimentamos.
II
Não, a eternidade não se alimenta de nós!
Não, ela não se importa.
Não, ela não está viva...
Não, ela não se recria...
Sim, um dia não haverá mais alimento...
Sim, ela continuará se nós...
e, aí...
Cadáver,
nós seremos cadáver,
cadáver...
Encontrei teu corpo boiando no rio...
A água batendo sobre a pele, fria
teus mamilos endurecidos e, mortos...
lambidos pelos desejos do rio.
Encontrei teu corpo... ví seus músculos
luzidíos refulgindo do abraço da água,
úmidos e brilhantes...tua pele dura...
Trouxe-te para a margem,e
com a lâmina do meu beijo,
cortei a tua carne,
esfacelei-te aos pedaços e
comi...
como se faz com as ameixas maduras,
sentindo escorrer o sugo, o líquido...
da água d’onde retirei-te.
Repetindo o fluxo do rio eu me fiz homem
contigo, aprendendo-me do teu corpo,
acariciando-me de ti,
improvisando a solidão da carne...
Encontrei teu corpo no rio e...
fiz dele um barco por onde navego meus desejos...
Tua fria pele no calor de minhas âncas,
Teus cabelos úmidos esfriando minhas ânsias,
Meus gemidos silenciosos... diante da violência
de tuas coxas brutas.
O teu rítmo de cadáver abandonado ao rio,
seu silêncio generoso,
desaguando em mim...
novidades...novidades...
Retirei-te do rio...agora, afoga-me...
Deixa-me sentir a febre de querer respirar,
deixa-me amassado pelo teu corpo;
e antes que eu respire, arranca de mim este gozo:
o de ser morto, por este corpo, que retirei do rio...
Sussurra no meu ouvido...e que eu nada entenda...
torture meus mamilos...e que seu castigo,
me arranque gemidos... doloridos...
e faça-me sentir todas as dores...e...nenhuma.
Dominado pelo teu abraço,
não deixe qualquer engano...
possuído, possuindo, me tens...
Possessivo, possuído, abandonado...
num teu silêncio o meu gemido!
Retirei teu corpo do rio,
sem saber que era o meu que retirava.
Você sabe meu senhor,
o que é beber uma xícara de café,
gelado?
Você sabe, meu senhor,
o que é um último cigarro,
onde não tem mais cigarros?
Sabe o que é estar manco, do bolso
e aleijado, da razão,
numa terra sem muletas?
Sabe oque é, meu senhor,
as pessoas passando, olharem
e nao te verem?
Isto, meu senhor, é um último
e desesperado cigarro, apagado
num resto de café gelado.
Se soubesse que eu era a fumaça,
teria ficado mais tempo pelo ar,
sem esvanecer com preciptação.
Se soubesse, meu senhor,
teria deixado marcas de fumo nas paredes...
num gesto desesperado,
para não ser esquecido...
Até chegar a café gelado e um último cigarro,
meu senhor,...
você sabe, muita coisa aconteceu...
A fumaça que antes eu era,
até ela, até ela... já se perdeu.
Penso que as estrelas são só para mim;
que o céu e o espaço são só meus;
que a terra não tem outro dono;
Que as pessoas, são só minhas,
com suas mesquinharias e sonhos
Tudo me pertence...
Só por isso posso
deixá-los livres...
Minha fome de posse está saciada,
e, também, a de ser possuído.
A poeira disse para a lama:
“Eu e você somos iguais,
só escolhemos namorados diferentes;
Você a água,
E eu, o vento...”
Quem entende do desejo
e porque ele se manifesta?
Raramente expresso,
poucas vezes realmente realizado,
Quem entende do desejo,
que acontece porque acontece
e não pode ser explicado?
O desejo permitido...
O desejo interditado
O desejo...desejando
ser realizado.
Quem entende este impróprio alívio?
O prazer de não mais sentir-se pressionado.
O desejo sufocando e matando ao poucos,
até obter... o ente, desejado.
Que importa se é uma criança?
Que importa se é um homem?
Que importa se é uma mulher,
ou um outro animal qualquer?
Incontrolado, o desejo permanece
dominador jamais dominado.
Quem sabe onde, quando e como se manifestará?
Quem tem coragem de confessá-los todos?
Quem a si mesmo os diz?
Quem a si mesmo os confessa?
Quem a si mesmo os perdoa?
“Brinco com teu cadáver,
porque sei que os vermes
irão tardar...”
Comentários
Ainda sonho em ler algo seu escrito para festejar a vida.
Um forte abraço,
J Jr.