O “não” é uma destas palavras estigmatizadas, estranhamente estigmatizadas. Talvez por que durante a nossa educação seja o que mais ouvimos, e que se ouvimos suficientemente prova uma boa educação. Mas em geral me chama atenção o quanto as pessoas não sabem ouvir e nem dizer “não”.
Tenho alguma dificuldade de perceber, no jogo das relações humanas, quando alguém quer dizer “não” mas não verbalizou, e aí começa o grande bailado dos gestos, falas, subentendidos... E eu me pergunto “por quê?” Tão fácil dizer não. O “não” é uma palavra mágica, ela é mais verdadeira do que o sim. E mostra muito mais de nós, talvez mais do que gostaríamos. Mas, não dá para se ter vergonha do que se é, né?! Ou dá?
É importante verbalizar e colocar este limite nas relações. O que me encanta no “não” são os seus infinitos matizes. A gente diz “não” para uma coisa, para uma pessoa, para uma situação, para uma proposta... Mas, isto não significa dizer não para tudo o que nos oferecem ou para tudo o que uma pessoa significa ou pode vir a significar. Às vezes, o “não” é só para uma coisa e não todas. “Ah, você não quer namorar comigo? Diga não”. Não tergiverse. Caso contrário, fica parecendo “sim” “Talvez” “hoje não, amanhã talvez”. O “Não” clarifica as relações.
Se aprender a dizer “não” é fundamental, aprender a ouvir “não” também é. Quando te dizem um “não” na maioria das vezes não é para te depreciar ou negar tudo o que você é, é apenas “não” para o que você fez, para o que você propôs. Por outro lado, este não pode significar um sim para outras coisas e possibilidades. Se ouviu um “não” não se ofenda, faz parte das relações humanas. Se tiver de dizer um “não” diga-o de forma educada e firme, para que se saiba que se trata de um “não” e não de “um talvez...” No futuro, nada impede que você volte atrás e diga um “sim”. Mas para que as coisas andem para todos, dizer “não” sabendo inteiramente o que ele significa, e que “não” não dói demais, é fundamental.
“Não” não é uma negação absoluta, se não quando usada assim, o que é raro.
Você que diz “não” pense também que a pessoa que o ouviu pode saber recebê-lo sem grandes complicações. Não há necessidade de afirmar este “não” constantemente. Para mim é uma palavra funcional e verdadeira. Basta que eu a diga apenas uma vez de forma clara, e pronto. Raramente alguém insiste no que quer que seja depois que eu verbalizei esta palavra libertadora. Experimente. Pratique o “não” ele liberta, facilita e possibilita novas relações que não as “não” desejadas.
E, lembre-se: quem não quer isto, pode querer aquilo. Esteja pronto a oferecer também o aceitável. Laços humanos são importantes e não devemos negligenciá-los.
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