Pular para o conteúdo principal
         Os (as) amigos (as) leitores (as) que visitam meu Blog irão perceber algumas alterações. O Layout, o pano de fundo e mais duas páginas para abrirem e se divertirem. O Blog está com uma cara mais séria. Acho que isto se deve ao meu desejo de começar a divulgar a minha literatura que já foi impressa. Neste sentido, comecei pelo começo. Página para Maria de Deus, meu primeiro livro. Ele se encontra à venda e é facilmente encontrável nas livrarias virtuais, É só gugar o título entre aspas e pronto. Espero, para breve colocar uma opção de compra no Blog, assim, os que desejarem poderão beneficiar o autor diretamente. rs. Logo colocarei outras publicações, aguardem.

        Maria de Deus, apesar do tamanho (só 81 páginas) foi um livro complicado de escrever. Ele foi desenvolvido entre 1994 e 1995. Eu havia acabado de me formar e passava pelas indefinições entre religião e mundo. A idéia nasceu aos poucos... Eu me sentia um pouco como o Jonas bíblico na época... por mais que o mundo me chamasse, parecia que Deus não queria largar do meu pé. Então..catarticamente coloquei minhas angústias no papel, juntei a mística cristã e a judaica, e a personagem é uma mulher de 61 anos.
        Por que uma mulher na terceira idade? Mulheres mais velhas sempre me atraíram e comoveram. Normalmente possuem uma história de vida complicada e angustiante, e quase sempre tem aquele ar faceiro de quem superou todas as dificuldades. Mas, o que mais me atraiu nelas foi a questão da sexualidade.
       A sexualidade para uma mulher que já passou dos sessenta anos é uma coisa delicada. Aprendi com clarice Lispector que os desejos estão todos lá... Mas, reprimidos, ou por ela ou pela sociedade, ou pela falta de quem queira realizar estes desejos. Eu quis então juntar várias coisas... Traduzir de uma forma bela e inovadora o caminho do prazer e do corpo de uma mulher sexagenária... ao mesmo tempo isto deveria ter um sentido maior.

        Bem... como sou obviamente do sexo masculino... ataquei a biblioteca e pesquisei sobre a sexualidade feminina, li várias coisas mas simpatizeis mais com o Relatório Hitte da Sexualidade Feminina. Li inteirinho.. fascinante. Acho que todo homem deveria ler algo assim. Depois foi colocar mãos à obra. Com a personagem definida na cabeça, só me restava deixá-la solta no mundo da imaginação e o resto aconteceu, assim nasceu Maria de Deus.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os homens, afetos e desejo - A história não contada. Contexto e lugar de partida - I

O inferno angustiante do desejo Hoje quero refletir sobre um assunto do qual eu deveria saber muito, mas confesso que quanto mais aprendo, menos sei e muito menos acredito. E infelizmente não estou sendo modesto e nem socrático. Quero abordar o tema a partir do ponto de vista de alguém que viveu em outra época e que nela tinha medos, necessidades e expectativas e principalmente, tinha um futuro pela frente com o qual sonhava, mas não sabia o que seria deste tempo. Assim que eu disser a palavra, as pessoas irão abandonar a leitura, imaginando que “lá vem mais um falar do mesmo...” Confie em mim e apenas continue lendo, hoje irei falar sobre as necessidades, emoções, expectativas, vitorias e frustrações dos homens que gostam de homens.   Se não usei o termo socialmente aceito é porque de alguma forma ele está carregado de ideias e informações nem sempre corretas ou interessantes. Pode ser que eu o use mais tarde, mas por ora não.             Acredito que neste texto falo, sobretudo,

Deus - I O Devorador

  Deus me seduzindo            Esse não é um texto para relembrar o passado, mas uma tentativa de descrever o que não pode ser descrito.  Vou meter-me a falar do que não sei. Talvez seja exatamente assim, conhecemos muito e desconhecemos muito mais aquilo que realmente é importante. É como mãe, amamos muito mas às vezes nos damos conta do quão pouco a conhecemos. Entretanto, Deus, como o conheço, foi definido magistralmente pelo poeta indiano Rabindranath Tagore: “Sou um poeta e meu Deus só pode ser um Deus de poetas”. Então, só quem vive profundamente o ser poeta consegue traduzir em si o que isto significa.             Por aproximação tentarei dizer um pouco sobre isso. Uma definição destas não aparece em nosso coração na infância ou na puberdade, surge apenas quando ocorre um amadurecimento íntimo, que não tem idade para ocorrer. Podemos ter uma epifania em algum momento, mas ela só se consolida ao longo do tempo através de outros momentos assim. É como um “dejavu” não tem importâ

Deus III - A sustentação essencial. O que é real? O que é realidade?

  Não dá para ilustrar este texto de forma adequada                 Há muito tempo atrás se alguém discutisse a realidade concreta das coisas e do cotidiano eu mandaria a pessoa “catar coquinhos”. Entretanto as experiências existenciais nos ensinam se permitimos. O tempo passou e tive vários aprendizados que considero importantes. Eles ajudaram a definir minha relação com o mundo e as pessoas. Nestas experiências, e vivências, passei a lidar com um real que é tênue. Perigosamente tênue. O risco de lidar com uma compreensão expandida do real e da realidade é perder o vínculo que torna as coisas entre nós inteligíveis e aceitáveis. Entretanto, não há nenhum caminho, místico ou não, que não passe pela discussão daquilo que nos parece óbvio, e obviamente verdadeiro, irretocável e irrevogável. Então, hoje vou refletir sobre a realidade física e social, vamos desmaterializá-la para só então, falarmos de imaginação. Mas usaremos a imaginação o tempo todo como método para essa discussão.  

Deus II - A dança: Som e fúria

O sagrado pode se manifestar no cotidiano              De todas as coisas sensórias que me envolveram desde sempre o som é uma das mais fascinantes. Trago grudado ao espírito o canto da pomba “fogo apagou” envolto pelo silêncio da fazenda, ambientando a solitude do jovenzinho que sentava-se na improvisada jardineira da avó e olhava longamente para o campo. De um lado o pasto a perder de vista e de outro o cafezal assentado no morro. De um pouco mais distante vinha o som do vento assoprando forte nos eucaliptos, só quem ouviu esta melodia que rasteja pelos ouvidos e dá profunda paz sabe como é a música e o perfume que juntos vem e quando junto deles estamos ainda toma nossa pele a sombra fresca do “calipial”.             Trago no espírito meu pai assoviando. Era um tempo onde os homens assoviavam, e fazer disso uma arte também era parte do seu quinhão. Só com o tempo eu saberia que o som nos afeta fisicamente antes de nos afetar o espírito. O som toca o nosso ouvido, toca fisicament

Os homens, a história não contada. A pornografia e as transformações sociais da AIDS - II

  (Continuo aqui o texto anterior. Passaremos incialmente pelos anos setenta, a televisão e suas influências e chegaremos aos poucos até os anos 90 e as profundas transformações sociais e sexuais que ocorreram na sociedade). Começavam os anos 70 e éramos apenas amigos! Uma das coisas que me passavam pela cabeça quando era menino (05/07 anos) é que eu deveria ter nascido mulher. Mas isso ocorria não porque eu desejasse os homens, mas porque eu era, desde aquela época, bastante caseiro e não queria sair de casa e nem ver pessoas. Depois aprendi a ler e tudo o que eu queria era mais silêncio e menos pessoas. Depois veio a música e aí eu queria ainda mais silêncio e nenhuma pessoa. Mas para um homem essas coisas não eram possíveis. Homens deveriam ficar o dia todo fora de casa trabalhando e fazendo coisas que não gostavam, pois era necessário para sustentar a casa. Então, o Luizinho queria ter nascido mulher para ser “sustentado” e ficar em casa. E eu não achava a vida doméstica tão terrív