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A estória do Polo Preto Parte I

Bem..esta será uma longa estória. A começar por saber se é estória com “h” ou com “e” nunca me conformei com a queda da distinção. História com “H” maiúsculo todo mundo estuda na escola e coletivamente passamos por ela ou..ela passa por nós..vai se saber?! Estória com “e” minúsculo mesmo é aquilo que não é tão importante, que às vezes é lorota mesmo, mas que serve também pra contar nossos causos cotidianos. Então esta é a estória da compra do meu primeiro carro.
Depois de muitos anos resolvi comprar um carro. Muitos anos...este tempo todo se deve ao fato de eu ter tirado minha carteira de motorista aos 19, mas, como todo bom filho que se preze saí de casa, logo não pude dirigir o carro da mamãe. Engraçado que eu também não queria ter carro naquela época e nem me incomodava, pois eu acreditava que as pessoas não precisavam de carro pra quase nada, que devíamos andar de ônibus, que o planeta estava em perigo e que eu devia fazer a minha parte. Claro que naquela época ainda havia perigo de uma guerra nuclear iminente. Que também passou. Nem vai contar o fato de que eu era vegetariano e que também era abstêmio e espírita.
Enfim...passam os anos. Durante muito tempo continuei meu discurso adolescente. Afinal me enfiei numa universidade por quase quinze anos..o que eu poderia ser né?
Em alguns momentos de minha longa carreira de estudante e às vezes de professor cheguei a ter efetivamente o dinheiro para comprar um carro. Mas, preferi comprar um piano...bem...her..cada louco com sua mania..com o tempo tive mais dinheiro e..troquei de piano...e mais tarde troquei de piano de novo e de novo. Agora tenho um bom piano. Enfim, piano não dá manutenção e não gasta gasolina. Além disso é um patrimoniozinho pra passar nos cobres na hora do aperto.
Aí, cedo ou tarde, cansado de ser adolescente. Resolvi comprar um carro. E tinha de ser um Peugeot 206. O motivo? Design, claro. Mas, nesta busca pelo meu novo objeto de desejo fiz o que sempre faço quando estou empolgado. Comprei livros, revistas e tudo o que podia sobre carros, afinal eu não podia estar despreparado. Daí desenvolvi um problema seríssimo. Pois agora, não havia carro suficiente par a meus desejos e nem dinheiro o bastante, pois rapidinho passei do Peugeot para um Chrysler PT Cruiser Limited. Eu não poderia comprar nenhum carro que não fosse um carro muito especial. Afinal havia esperado muitos anos para isso. Então nada de fusquinha. Se é que alguém ainda tem fusquinha à venda.
Assim fui enrolando.
Já estava me sentindo folclórico comprando revistas e mais revistas. E os jornais? Classificados de carros à venda toda semana. Mas nenhum era bom o suficiente.

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