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Há
muito tempo atrás se alguém discutisse a realidade concreta das coisas e do
cotidiano eu mandaria a pessoa “catar coquinhos”. Entretanto as experiências existenciais
nos ensinam se permitimos. O tempo passou e tive vários aprendizados que
considero importantes. Eles ajudaram a definir minha relação com o mundo e as
pessoas. Nestas experiências, e vivências, passei a lidar com um real que é
tênue. Perigosamente tênue. O risco de lidar com uma compreensão expandida do
real e da realidade é perder o vínculo que torna as coisas entre nós
inteligíveis e aceitáveis. Entretanto, não há nenhum caminho, místico ou não,
que não passe pela discussão daquilo que nos parece óbvio, e obviamente
verdadeiro, irretocável e irrevogável. Então, hoje vou refletir sobre a
realidade física e social, vamos desmaterializá-la para só então, falarmos de
imaginação. Mas usaremos a imaginação o tempo todo como método para essa
discussão.
A
primeira coisa que precisamos fazer é distinguir entre aquilo que você chama de
realidade e o mundo natural
(realidade vs. Mundo natural). Normalmente acreditamos que o mundo natural seja
aquilo a que chamamos de realidade. Mas este é o universo todo como ele se apresenta “sem nós”, essa é a forma
mais fácil de entendê-lo. Imagine um universo sem nossas definições, conceitos,
palavras, imagens, construções e ideias sobre o mundo e a matéria. Difícil, não
é?! Essa é a forma mais fácil. Podemos nos colocar numa posição de espectadores
antes do momento de Deus dizer “Faça-se a luz!”, supondo que ele disse. A luz,
nesse caso não é a que vemos, mas é a razão que nos informa e faz olhar para o
mundo como se ele fosse igual para todos.
O mundo
natural é o lugar que nos fornece informações sensoriais. Nós captamos
fisicamente essas informações com os limites que nossos organismos possuem e as
enviamos para o cérebro. O mundo natural nos fornece muito mais informações do
que podemos efetivamente alcançar, elas se perdem por causa das nossas
limitações. Limites físicos são o que mais possuímos. Nossos recursos
sensoriais (tato, olfato, visão, audição e degustação, e os outros dois que
definem os dados externos e internos do corpo para o cérebro), são muito mais
limitados do que os de milhares de espécies de animais e insetos. Logo,
conseguimos processar um número menor das informações que o mundo natural
proporciona. E estabelecemos nossa relação com ele e com as pessoas através deste
número menor de informações processadas; e elaboradas em experiência e
consciência. Muitos já assistiram seriados na TV sobre como o mundo é visto e
percebido por outras espécies. E os diversos efeitos visuais e auditivos
criados para estes ensaios documentais ajudaram a recriar e dar uma vaga ideia
do que estas outras espécies percebem do mundo natural, que tipo de informações
elas recebem e como as processam.
Quando alguém
afirma que a audição dos cães é dez vezes mais acurada que a dos humanos, nós
não conseguimos saber o que é isso, pois não podemos vivenciar essa
experiência. Não conseguimos nem imaginar o que seja essa imersão num mar
revolto de sons - que deve ser sufocante para um humano. Daí já notamos que a
experiência de “real” do cão é diferente da nossa. O cão também sente as
variações de temperatura com intensidades diferentes - então ele deve ter seus
infernos particulares. Seu olfato é assustador, já imaginou os sons
acompanhados dos seus respectivos cheiros?! Numa lambida na sua mão ele evitou
uma longa conversa de “como foi o seu dia?!”, pois com a língua analisou tudo.
Isso apenas para falar rapidamente de um ser que está sempre perto de nós. Ele
vive conosco, mas em outra realidade. Às vezes quando o cão, ou gato, faz caras
estranhas para o vazio ou tem reações que nos parecem peculiares, pois não
vemos e nem ouvimos nada naquele instante, ele está simplesmente vivendo a
realidade que consegue receber e elaborar mais informações do mundo natural. Se
isso é um pequeno exemplo da realidade de um cão, imagine a de uma galinha, uma
vaca, um leão, uma formiga, uma abelha. Cada um deles vive numa realidade
própria da sua espécie; e ainda que muito diferente da nossa elas são concretas
e sólidas para eles. E as vivemos juntos, todos ignorando as realidades uns dos
outros.
Entre nós mesmos
existem outras percepções de realidade que encaramos como deficiência física (e
aqui fica um questionamento). O cego lida com uma experiência sensória e do
mundo diferente da nossa. E nem adianta fecharmos os olhos para dizer que
sabemos o que é isso porque não é tão simples assim. Os surdos não vivem
exatamente num mundo sem sons, pois muitos sentem vibrações e percebem alguns
ruídos. Ainda que vivessem num silêncio absoluto, isto também seria uma
experiência de realidade inteiramente diversa da nossa. E é muito comum que
devido à surdez eles também expressem a mudez, pois não têm referências de como
expressar os sons da fala. A simples sutileza de uma pessoa hipersensível
sensorialmente, como alguns autistas e superdotados, já é suficiente para
desencaixar este indivíduo de um bom acolhimento social. Os que vivem uma
determinada realidade orgânica de recepção de informações do mundo natural
sentem que os que não as recebem da mesma forma são problemáticos. Como são
minorias o costumeiro era deixá-los de lado.
Essas
circunstâncias de processamento de informações recebidas do mundo natural me
interessaram desde muito cedo. Comecei a usar óculos aos onze anos de idade, e
a minha visão caiu vertiginosamente. Quando tinha cerca de quinze anos já tinha
6,5 graus de miopia e 7,5 de astigmatismo no olho direito e algo parecido no
olho esquerdo. Só passei a ver de forma padrão quando fiz uma cirurgia em 2014,
aos 47 anos. Quando possuímos um grau de astigmatismo destes ao tirar os óculos
não se vê exatamente o mesmo mundo que as outras pessoas. Ele se transforma num
conjunto de pontos luminosos e coloridos. E os objetos passam a ser quase
etéreos, pois seus contornos borram. A coisa que mais me incomodava era não
poder me ver direito, nem com óculos e nem sem. Então cresci sem ter certeza de
como eu era fisicamente. Mas o que mais me incomodava eram os filmes que
mostravam pessoas que perdiam seus óculos completamente frágeis diante do
mundo. Sempre eram pegas pelo assassino ou comidas pelo monstro. Essa não era a
minha realidade. Acostumei-me desde cedo a tirar os óculos e a me mover por aí
sem eles, para aprender a minha realidade visual. Meus ouvidos também parecem
mais apurados por essa razão.
Este foi um
fato fundante para mim. Ao colocar os óculos eu via o que todo mundo vê, ao
tirá-los só eu via daquele jeito. Ao invés de encarar a experiência como
desesperadora, eu achava lindo o mundo que só eu via. Ele era completamente
real, irreal era o mundo que eu alcançava apenas com um instrumento, os óculos.
Quando era rapazinho questionei a deficiência visual, pois notei que mais e
mais pessoas não atingiam o padrão normatizado pelos oftalmologistas. Logo,
discuti o saber cientifico que padroniza as coisas, e entendi que as pessoas
vêm de formas diferentes, às vezes sutilmente diferentes; ou agressivamente
diferentes. Também não joguei fora os saber científico.
E entendi, sem
nenhum filosofo, que o mundo que todos concordam que é igual e real para todos
não é exatamente assim. Pode haver outras percepções do mundo natural e elas
são válidas; uma vez que são dadas para o nosso organismo da mesma forma que o
são para todas as outras pessoas. E o nosso organismo é como é. O meu mundo
visual era borrões luminosos e coloridos, e eles dançavam. E eu caminhava
perfeitamente bem entre eles sem titubear. Só tinha as dificuldades óbvias da
civilização, não era fácil pegar um ônibus, pois não via o que estava escrito
na frente. Não conseguia ler sem óculos e distinguir coisas demasiado
distantes. Mas era só isso. Dancei muito sem óculos. Afinal, a gente sua e eles
escorregam e podem cair ou voar, ainda mais se a pessoa entra em transe
dançando. O que posso dizer é que a partir dos meus onze anos o real passou a
estar em questão para mim. Mas voltemos ao texto, após essa breve digressão.
Notamos que o
real e a realidade estão diretamente relacionados ao organismo e a forma como
este processa informações e lida com o entorno. Isto é físico. Não há como
escapar disso. Mesmo que você consiga - como eu - relativizar esta experiência
orgânica, ela ocorre. Ao falarmos com uma pessoa adulta sobre isso temos um
patamar de conceitos e vivências em comum que nos permite garantir o status de
real e de realidade nessa conversa. O
mesmo não ocorre com um bebê. Um bebê não nasce com a realidade pronta, ele
nasce com os sentidos que o informam sobre o mundo natural (e como vimos,
informam pouco). Nada garantirá que ele haverá de concordar conosco, exceto a
sua educação constante. A prova do que digo são algumas crianças que por
diversas razões foram criadas por animais, como o famoso Mogli, o menino lobo.
A história
real foi bem pior do que a imaginação de Kipling, que encantou a estória. Uma
criança que jamais tenha tido contato com humanos, será tão lobo quanto os
lobos que a criaram, apenas sem as vantagens de um faro e audição superiores.
Mas coçará suas pulgas e andará de quatro, e rosnará como fazem os lobos, atacará,
caçará. Apesar da aparência não é humano. E se ele pudesse te comunicar o que é
real e realidade, você saberia que ele vive num outro mundo. Jamais houve um
caso de uma criança criada por animais que tenha conseguido sobreviver muitos anos
após ser encontrada; e cujo processo de humanização tenha sido bem sucedido de
verdade. Em alguns casos, conseguiram que meninos lobos falassem - mal e pouco
-, mas era um lobo se comunicando. O humano não nasce humano, torna-se humano.
Ele não aprende sozinho, é ensinado em meio à sua comunidade e ao seu desenvolvimento
físico. Posteriormente este percurso do aprendizado, humano e social, é
esquecido enquanto. Apagam-se os seus vestígios, ainda que algumas marcas se
mantenham. Agora, preste atenção em algo importante. Um cão criado por humanos
ainda é um cão, mesmo que tenha sido isolado. Ainda que tenha suas
particularidades, ele agirá e continuará sendo um cão. Já o humano não.
Até então
vimos falando da relação do nosso organismo com a realidade propiciada pelo
mundo natural. Agora, vamos para a outra parte relativa à realidade e ao real:
a formação da consciência e o consenso social. Neste assunto serei bastante
breve para não atrair a fúria dos especialistas, porque farei isso de forma
grosseira, pois apesar de saber como se dá não sou um expert.
Após o Bebê
ser posto pra fora da mãe, ele passará aos poucos pelo processo de individuação;
irá descobrir que não faz parte do corpo da mãe e que está separado desta. E
estando separado desta, ele será aos poucos informado de quem é. E constituirá,
a partir das suas relações com os objetos e as pessoas, o fato de que ele é um
indivíduo. Aí chegamos ao momento do estágio do Espelho - acho que informado
por Lacan -, onde o Bebê reconhece a imagem refletida como sendo a dele. Alguns
animais rosnam para sua imagem, outros nem a conseguem ver. Mas humanos, depois
de algum desenvolvimento, conseguem saber que a imagem é deles. Tenho uma
pinscher que se reconhece no espelho também. E outras pessoas dirão o mesmo
sobre alguns dos seus cães. Sim, também é possível para alguns amimais.
Provavelmente sem o efeito restante, que é o surgimento de uma consciência
complexa e elaborada.
É a presença
humana, o seu contato e sua troca de informações, que possibilitam à criança se
tornar efetivamente humana. Então, chegamos aqui a uma conclusão desagradável
para algumas pessoas: o que faz uma pessoa ser humana não é seu organismo
apenas, isto nada garante, mas o seu aprendizado de si e o social. É através de
erros e acertos (elogiados pelos humanos adultos) que uma criança estabelece o
que as coisas são, para que servem, sua utilidade e função. Começa a dominar
algumas palavras que garantem que haverá reciprocidade na comunicação e suas
necessidades serão atendidas. Seu comportamento instintivo, que é rastejar e
pegar coisas e leva-las à boca, aos poucos vai sendo domado e educado (em
alguns casos dá certo). É por essa razão que o mundo “imaginário” de uma
criança, ou o mundo mágico, é diferente do de uma pessoa adulta. Na criança os
limites entre o mágico e o real ainda não estão definitivamente estabelecidos.
Mas isso não significa que tenha problemas ou seja insana. Aceitamos que é uma
criança “e não sabe das coisas”. Aí chegamos ao ponto climático da nossa
reflexão, o “saber as coisas”.
O conhecimento
sobre o que a sociedade convencionou que é real e verdadeiro, concreto e não
subjetivo, é o que chamamos de consenso social. Este consenso social nos diz o
que é o real e a realidade. Enfim, ao adentrarmos
conceitualmente para este nível mental
estabelecido pela sociedade, fechamos a
porta para outras realidades. Aceitamos o consenso social como sendo a
realidade e o real os mais sólidos possíveis. Essa realidade do consenso é
palpável, é inquestionável em nosso
cotidiano. Nos movemos e tudo fazemos nela e através dela. Alguns leitores
já notaram que as pessoas que estão admitidas no espaço do consenso social estão numa realidade mais ou menos fora do
mundo natural. Elas estão para este mundo como estão as pessoas do filme
Matrix, aquelas que estão conectadas à Matrix conformando sua existência a uma bolha
de realidade.
Vivem numa
realidade, um consenso social, feita para elas. Neste sentido, raramente
conseguem ver ou se conectar a eventos que ocorrem em outras realidades. E se o
fazem, estes eventos são assustadores e chocantes - defeitos na Matrix. Estão
neste caso sons estranhos, aparições de todo tipo, visões, experimentações
psíquicas, paranormais, etc. Inclusive, é da irrupção neste consenso social,
daquilo que pode ser e daquilo que não pode ser, que vem o conceito de milagre;
uma suposta ruptura da ordem natural. Claro, esta suposta ordem natural também
foi estabelecida a partir das experiências sensórias dos humanos e dos seus
métodos. Vez por outra esbarram na física quântica que atrapalha um pouco as
coisas. E provavelmente o avanço humano esbarrará em algumas dificuldades
enquanto o consenso social do real não for efetivamente levado em consideração
nas pesquisas científicas (já o é em parte).
Não quero
dizer que o estabelecimento da consciência humana seja um erro ou um equivoco,
e que o consenso social deva ser abolido. Isto não é possível sem deixarmos de
sermos humanos. Também não quero dizer que a consciência não atua no mundo
efetivamente, ela atua. Entretanto, atua mediada pela baixa qualidade das
informações processadas pelo seu organismo e filtrada pelo consenso do real,
que inibe percepções verdadeiras, mas diferentes do que as esperadas. A plena
formação do organismo, permitida através das relações sociais e psíquicas do
indivíduo, garantirá a sua humanidade e o seu lugar nesta cadeia social. Por
isso é importante a igualdade de oportunidades no que tange ao desenvolvimento
dos corpos até a juventude.
Para
refletirmos quero criar uma imagem. Pense numa vista aérea de um formigueiro e
todas as suas formigas atarefadas exercendo suas funções. Agora afaste-se
visualmente um pouco mais, coloque este formigueiro em meio a um jardim, o
jardim em meio à cidade, a cidade em meio ao país, este em meio ao mundo, o
mundo em relação ao universo. Nós somos estas formigas fechadas em si e na
comunidade das formigas, para quem o universo não existe enquanto tal. Só vemos
a nós mesmos, mas todo o resto existe. Existe mesmo sem sabermos o que é ou
imaginarmos como pode se dar a sua existência. Essa é a pavorosa condição
humana na terra. E ela é mais frágil do que a de um cão, que ainda sabe que é
um cão na ausência de outros cães. E apesar de não sabermos exatamente como se
processa o surgimento e estabelecimento da consciência e da individualidade,
sabemos que ela é mais ou menos o resultado destas relações orgânicas que
permitirão o sucesso efetivo de um corpo.
Em outras palavras,
a consciência é decorrente da vida e provavelmente com ela cessa, ou cessa
antes em alguns casos (Alzheimer). O sujeito, a individualidade, a consciência
são como a secreção deste processo todo, um rejeito orgânico. Podemos encará-la
assim ou de outro modo. O fato é que a existência da consciência é dependente
do bom funcionamento do organismo e das funções psíquicas por ele propiciadas. Ao
mesmo tempo em que a consciência é uma secreção do organismo ela é o suprassumo
do que significa ser humano e através dela, e do conjunto das consciências, que
atua e interfere no mundo e em todas as suas relações e processos.
O real e a
realidade da forma como os conhecemos no cotidiano não existem. Existem e se
manifestam apenas para nós que os construímos em meio ao mundo natural. Logo, por
essência o real e a realidade são o mundo natural. Não conseguimos efetivamente
alcançá-lo, mas podemos nos alçar nele em algum momento de ruptura do consenso
social e da consciência coletiva. E adiantando, sem adiantar: Vivemos, como
querem os indianos, em Maya, a ilusão, a suprema ilusão. É isto que é o
consenso social e todas as suas consequências. Pisamos efetivamente no corpo de
Brahma (mundo natural) de onde saem todas as coisas, como acreditam os antigos
e modernos indianos. Não sou hindu e nem adepto do hinduísmo e nem seu profundo
conhecedor - e também não o preconizo, mas “fala sério” estes caras são muito
bons. Vez por outra sou obrigado a perceber as confluências. Deus III - A
sustentação essencial de todas as coisas.
Só podemos
estar mais preparados para lidar com o mítico e o sagrado ao relativizarmos e
compreendermos a essência deste real cotidiano. Pois esta relativização pode
evidenciar a sua existência e realidade próprias; das quais participamos e ao
mesmo tempo estamos separados. Ainda que este texto não deseje invalidar a
experiência do consenso social, que é minimamente necessária, ele chama a viver
com a compreensão de que nos movemos num mundo mais complexo e que devemos
derrogar o real para atingir o essencial. Essa derrogação do real, só pode ser
provisória, caso contrário ela não tem volta. Pois haverá o momento em que você
agarrará a realidade pelos cabelos e ela lhe escapará. A loucura de nada
adiantará ao místico, pois isso impossibilitará a atuação da sua consciência no
mundo de Maya. Só pode ser considerado místico por seus contemporâneos sociais
porque faz a viagem de ida e volta, faz a passagem pela porta do consenso
social do que é o real e por ela volta.
É por isso
tudo que aquilo que você chama de real e de realidade, ainda que funcionais
dentro de alguns limites, são apenas uma ilusão coletiva. Isso mantém as
formigas ocupadas em suas funções e trabalhando no formigueiro. Entretanto,
pode dificultar para que tenham uma mínima percepção do universo que as cerca e
no qual efetivamente vivem todas as coisas.
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