I
Tive medo em Cabo Ledo
Onde vi a vida escapar-se
Duas meninas negras salvas...
Uma...morta...
Uma morte a mais...
Um branco as salva...
E outro diz: tanto faz...
É justo de lá que trago uma pedra
Me a deram...sem beleza...
Sem lustro, sem atrativos...
Ocorre-me apenas o silêncio
Ensina-me a ser mudo pedra...
Pois roubaram-me as palavras
Deixa-me sem lustro
Brilhar por aquelas noites escuras...
II
Hei de lembrar do sorriso de Lucrécia
“Estás bonito Seu João...”
Hei de lembrar...
Da vaidade faceira...
Dos escombros de uma cidade inteira
De ser um humano sem lugar...
Não fui negro em ti Angola
Não fui...
Nem branco pude deixar de ser
Apenas mais um em Luanda
Lá estando não pude lá estar
“tenha medo!” “tenha medo”
“Ele irá te proteger!”
Voltei porque tinha que voltar
Mas uma parte de mim deixei por lá...
Tive medo em Cabo Ledo
Onde vi a vida escapar-se
Duas meninas negras salvas...
Uma...morta...
Uma morte a mais...
Um branco as salva...
E outro diz: tanto faz...
É justo de lá que trago uma pedra
Me a deram...sem beleza...
Sem lustro, sem atrativos...
Ocorre-me apenas o silêncio
Ensina-me a ser mudo pedra...
Pois roubaram-me as palavras
Deixa-me sem lustro
Brilhar por aquelas noites escuras...
II
Hei de lembrar do sorriso de Lucrécia
“Estás bonito Seu João...”
Hei de lembrar...
Da vaidade faceira...
Dos escombros de uma cidade inteira
De ser um humano sem lugar...
Não fui negro em ti Angola
Não fui...
Nem branco pude deixar de ser
Apenas mais um em Luanda
Lá estando não pude lá estar
“tenha medo!” “tenha medo”
“Ele irá te proteger!”
Voltei porque tinha que voltar
Mas uma parte de mim deixei por lá...
Comentários
Tudo bem?
Lindo poema. Vc assistiu ao filme sobre o poeta Wally Salomão? E vi, e amei (saí com a alma lavada).
Abraço,
Ana Maria Hoffmann