I
Quem foi que te ensinou a ser assim tão bela?
Quem te disse que podias roubar toda a beleza para si?
E com que soberba julgas ainda poder ser modesta?
Com que ousadia humilha as outras com tua presença?
Não te ensinaram a ser piedosa? Desconheces a misericórdia?
Tudo o que as outras são e fazem... é pequeno...
Um sorriso teu, um sorriso teu... e o tempo, envergonhado, foge...
Olhos desviam-se à tua passagem...
Poucos como eu suportam...ver-te face a face...
Poucos... uns porque se julgam dignos de ti
E eu porque preciso descrever o que eles não podem ver...
II
Não bastou que arrancasses o brilho do céu
E o colocasse em teu olhar...e ainda
Tu roubas o rubor e a doçura da ameixa madura e os põe em teus lábios?!
Não se lamentam bastante os veludos não se compararem com tua pele?
Precisava escarnecer de todos os tecidos?
Diga-me, o que te fez o cetim, para merecer tamanho desprezo?
Não precisava o mar ser humilhado pela umidade dos teus olhos...
E diga-me quem agora irá mirar para os horizontes,
Quando tu passeias pela terra? Quem?!
Certos estão os mouros..eles é que sabem tratar as mulheres...
Só quem entende a devassidão, o pecado e o sublime de tanta beleza....
Deseja vê-la coberta e escondida...
Se na natureza nada se te compara...
É porque não fazes parte dela,
Declaro-te Deus!
Não pode ser alcançada...
Não pode ser esquecida...
Oferece a vida
Mas toma-a inteira de volta somente para adoração
III
Com que sôfrega boca te roubo
A seiva... a saliva...
Entre um frêmito de pecado
e outro de desejo
Suspiro a luz que recobre teu corpo
Nela passeio com os dedos...
Enfio-me entre as trevas das tuas curvas
Nelas perco-me...
Como quem encontrou o aspirado abismo
de si...
“que a tua língua faça comigo o que ela faz com as palavras...”
E eu te digo que ela mente
e conta verdades...
“a mentira é doce...a verdade amarga...”
E num gemido...
“é perfeita...”
Enquanto mentes minhas virtudes...
Lambo-te
como o animal a sua cria
Apenas para melhor devorar-te.
E se no arrepio da tua pele
Pudesse eu ser um caçador
Teria apenas o deserto do seu corpo
para vasculhar...
E nele,
me enterrar,
morto
de sede...
IV
Prepara-te Mulher!
Pois jamais quero vê-la desarrumada!
Não desejo a intimidade dos que se deitam
Com a Bela...
E se levantam com a Fera...
É por pudor que te espero...
Sei que te enfeitas para mim...
O cuidado com que escolhe a roupa...
Que revela pouco, para tentar-me...
Não há jóia que eu não te compre...
Apenas para vê-la humilhada
no teu colo...
Sei que te tornas ainda mais encantadora...
Que tu passas o meu perfume...
Pois queres agarrar-te ao meu cheiro...
Antes que amanheça...
Fuja do meu olhar...
Deixa-me acordar com a lembrança
De que fui eu quem desarrumou tua beleza...
Mas, em sua modéstia fuja...
Para que eu te creia...sempre perfeita...
E cheio de gratidão...
Jamais porei os olhos
Naquilo que em ti é comum...
Pois do comum vivem os outros homens...
V
Ainda que sejas mais inteligente que eu...
Deixa-me por um instante brilhar...
Que a seu tempo
Te erguerei aos céus...
Onde é o teu lugar.
Dizer para pequenos homens
O que eles não podem entender...
Isso é tarefa minha...
Apenas eu mereço o desprezo de não ser ouvido...
A palavra é tudo o que sou...
Não retira de mim o poder louvar-te
Fuja da falsa modéstia das palavras
E resguarda-te no silêncio
De quem sabe quem és...
Deixa-me arrebentar todas as cordas da lira
Pois apenas num toque de tua mão
Dizes mais... muito mais...
Do que toda a Bíblia...
Quem foi que te ensinou a ser assim tão bela?
Quem te disse que podias roubar toda a beleza para si?
E com que soberba julgas ainda poder ser modesta?
Com que ousadia humilha as outras com tua presença?
Não te ensinaram a ser piedosa? Desconheces a misericórdia?
Tudo o que as outras são e fazem... é pequeno...
Um sorriso teu, um sorriso teu... e o tempo, envergonhado, foge...
Olhos desviam-se à tua passagem...
Poucos como eu suportam...ver-te face a face...
Poucos... uns porque se julgam dignos de ti
E eu porque preciso descrever o que eles não podem ver...
II
Não bastou que arrancasses o brilho do céu
E o colocasse em teu olhar...e ainda
Tu roubas o rubor e a doçura da ameixa madura e os põe em teus lábios?!
Não se lamentam bastante os veludos não se compararem com tua pele?
Precisava escarnecer de todos os tecidos?
Diga-me, o que te fez o cetim, para merecer tamanho desprezo?
Não precisava o mar ser humilhado pela umidade dos teus olhos...
E diga-me quem agora irá mirar para os horizontes,
Quando tu passeias pela terra? Quem?!
Certos estão os mouros..eles é que sabem tratar as mulheres...
Só quem entende a devassidão, o pecado e o sublime de tanta beleza....
Deseja vê-la coberta e escondida...
Se na natureza nada se te compara...
É porque não fazes parte dela,
Declaro-te Deus!
Não pode ser alcançada...
Não pode ser esquecida...
Oferece a vida
Mas toma-a inteira de volta somente para adoração
III
Com que sôfrega boca te roubo
A seiva... a saliva...
Entre um frêmito de pecado
e outro de desejo
Suspiro a luz que recobre teu corpo
Nela passeio com os dedos...
Enfio-me entre as trevas das tuas curvas
Nelas perco-me...
Como quem encontrou o aspirado abismo
de si...
“que a tua língua faça comigo o que ela faz com as palavras...”
E eu te digo que ela mente
e conta verdades...
“a mentira é doce...a verdade amarga...”
E num gemido...
“é perfeita...”
Enquanto mentes minhas virtudes...
Lambo-te
como o animal a sua cria
Apenas para melhor devorar-te.
E se no arrepio da tua pele
Pudesse eu ser um caçador
Teria apenas o deserto do seu corpo
para vasculhar...
E nele,
me enterrar,
morto
de sede...
IV
Prepara-te Mulher!
Pois jamais quero vê-la desarrumada!
Não desejo a intimidade dos que se deitam
Com a Bela...
E se levantam com a Fera...
É por pudor que te espero...
Sei que te enfeitas para mim...
O cuidado com que escolhe a roupa...
Que revela pouco, para tentar-me...
Não há jóia que eu não te compre...
Apenas para vê-la humilhada
no teu colo...
Sei que te tornas ainda mais encantadora...
Que tu passas o meu perfume...
Pois queres agarrar-te ao meu cheiro...
Antes que amanheça...
Fuja do meu olhar...
Deixa-me acordar com a lembrança
De que fui eu quem desarrumou tua beleza...
Mas, em sua modéstia fuja...
Para que eu te creia...sempre perfeita...
E cheio de gratidão...
Jamais porei os olhos
Naquilo que em ti é comum...
Pois do comum vivem os outros homens...
V
Ainda que sejas mais inteligente que eu...
Deixa-me por um instante brilhar...
Que a seu tempo
Te erguerei aos céus...
Onde é o teu lugar.
Dizer para pequenos homens
O que eles não podem entender...
Isso é tarefa minha...
Apenas eu mereço o desprezo de não ser ouvido...
A palavra é tudo o que sou...
Não retira de mim o poder louvar-te
Fuja da falsa modéstia das palavras
E resguarda-te no silêncio
De quem sabe quem és...
Deixa-me arrebentar todas as cordas da lira
Pois apenas num toque de tua mão
Dizes mais... muito mais...
Do que toda a Bíblia...
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