Querem resolver o problema do trânsito em São Paulo. Alguns apelam para o mais óbvio – e necessário – maiores investimentos do governo em transporte público... Tudo bem, mas se tivéssemos todos estes transportes atualmente, ainda assim compraríamos carros e desejaríamos andar com eles, nos exibir com eles. As autoridades se esquecem que um automóvel não é apenas um meio de transporte, talvez essa seja a sua última função. Um carro é um veículo para a nossa imaginação. Já compararam os homens que neles andam com cavaleiros de armadura, armados até os dentes, cavalgando pelas estradas, fazendo estragos. Já disseram que os penis de alguns são inversamente proporcionais ao tamanho do carro. Bem, isso não impediu que os carros continuassem aumentando de tamanho.
Quando ainda andávamos a cavalo – se é que podemos assumir o passado – nos convenceram a abandonar aquele amigo que tínhamos. O cavalo era quase um membro da família. Ele era companheiro, não derrubava o seu dono. E, da mesma forma que o carro, as mulheres não eram vistas como boas cavaleiras, mesmo que o fossem. Era um atributo masculino, usado para se embater com outros homens, tanto com a beleza da sela, quanto com a envergadura do animal. Passeávamos orgulhosos com nossos mustangs, que não por coincidência, virou nome de carro.
Fomos convencidos a andar de carro. Venderam-nos a sua beleza, praticidade e ataram a ele também nossos desejos e projeções, relativas à masculinidade. A obviedade da função do carro na conquista, no status pessoal, no status social, e o papel por ele ocupado na corte à mulher desejada, só perde para a obviedade maior, conquistado, ele nos pertence. E, da mesma forma como tratávamos os cavalos, agora nós colocamos apelidos e nomes nos bichinhos. Somos íntimos. São nossos queridos. Damos banho, alimentamos – com gasolina aditivada e óleo de boa qualidade, cuidamos dos seus cascos... Ele é um objeto pessoal, intransferível e quando precisamos vendê-lo, para trocar por outro melhor... fingimos não ver aquela lagrimazinha que escapa quando dizemos adeus a um amigo.
Bem...agora nos dizem que teremos de andar de ônibus, de trem e metrô, de fato, andaremos. Mas ainda assim compraremos nossos carros. Deixaremos na garagem até o último instante, mas continuaremos a sair por ai nos exibindo no bichão. Com o passar dos anos, as mulheres fizeram grandes conquistas, e uma das mais importantes foi o carro. Agora elas também sabem dirigir, e disputam conosco para ver quem tem o carro maior e mais bonito... Claro que aqueles adesivos femininos grudados na traseira humilham o carro...mas, tudo bem. Cada um cada um... direito delas. Mas adesivo judia do bichinho.
O que as autoridades esquecem, é que precisam dar uma alternativa para os nossos sonhos e imaginação. E a alternativa não é coletiva, não pode ser. Não pode haver um ônibus e um trem para cada um de nós. Precisamos de algo que venha a ocupar dignamente o lugar do nosso querido amigo. Nós homens somos carentes e precisamos do reforço da armadura...será que não notaram?!
Eu não tenho muita imaginação para pensar em substitutos à altura do carro. Talvez pudéssemos desfilar com berinjelas embaixo do braço. Chegaríamos para a garota e mostraríamos...e logo haveria as disputas...quem tem a berinjela maior, a mais lustrosa, a menos murcha...e assim começava tudo de novo. Mas, convenhamos...berinjela não é um bom substituto!!
Quando ainda andávamos a cavalo – se é que podemos assumir o passado – nos convenceram a abandonar aquele amigo que tínhamos. O cavalo era quase um membro da família. Ele era companheiro, não derrubava o seu dono. E, da mesma forma que o carro, as mulheres não eram vistas como boas cavaleiras, mesmo que o fossem. Era um atributo masculino, usado para se embater com outros homens, tanto com a beleza da sela, quanto com a envergadura do animal. Passeávamos orgulhosos com nossos mustangs, que não por coincidência, virou nome de carro.
Fomos convencidos a andar de carro. Venderam-nos a sua beleza, praticidade e ataram a ele também nossos desejos e projeções, relativas à masculinidade. A obviedade da função do carro na conquista, no status pessoal, no status social, e o papel por ele ocupado na corte à mulher desejada, só perde para a obviedade maior, conquistado, ele nos pertence. E, da mesma forma como tratávamos os cavalos, agora nós colocamos apelidos e nomes nos bichinhos. Somos íntimos. São nossos queridos. Damos banho, alimentamos – com gasolina aditivada e óleo de boa qualidade, cuidamos dos seus cascos... Ele é um objeto pessoal, intransferível e quando precisamos vendê-lo, para trocar por outro melhor... fingimos não ver aquela lagrimazinha que escapa quando dizemos adeus a um amigo.
Bem...agora nos dizem que teremos de andar de ônibus, de trem e metrô, de fato, andaremos. Mas ainda assim compraremos nossos carros. Deixaremos na garagem até o último instante, mas continuaremos a sair por ai nos exibindo no bichão. Com o passar dos anos, as mulheres fizeram grandes conquistas, e uma das mais importantes foi o carro. Agora elas também sabem dirigir, e disputam conosco para ver quem tem o carro maior e mais bonito... Claro que aqueles adesivos femininos grudados na traseira humilham o carro...mas, tudo bem. Cada um cada um... direito delas. Mas adesivo judia do bichinho.
O que as autoridades esquecem, é que precisam dar uma alternativa para os nossos sonhos e imaginação. E a alternativa não é coletiva, não pode ser. Não pode haver um ônibus e um trem para cada um de nós. Precisamos de algo que venha a ocupar dignamente o lugar do nosso querido amigo. Nós homens somos carentes e precisamos do reforço da armadura...será que não notaram?!
Eu não tenho muita imaginação para pensar em substitutos à altura do carro. Talvez pudéssemos desfilar com berinjelas embaixo do braço. Chegaríamos para a garota e mostraríamos...e logo haveria as disputas...quem tem a berinjela maior, a mais lustrosa, a menos murcha...e assim começava tudo de novo. Mas, convenhamos...berinjela não é um bom substituto!!
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