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O tamanho do pênis como uma questão social séria ou Pau Pequeno Fobia

 

                Inspirado pelas “sábias palavras” da musa do Botafogo, que defendeu “aumento peniano no SUS, desejosa de “democratizar o pirocão”. Acho o pedido dela justo uma vez que, pela imagem, dava para se perceber as próteses de silicone nos seios. Se ela fez sacrifícios nada mais adequado que os peça também. O assunto de que irei tratar e da forma como irei tratar pode chocar algumas sensibilidades. Então se você for uma pessoa muito sensível e me tem em alta conta, pare agora de ler. Isto manterá seu respeito por mim e não te deixará constrangido (a). Será inevitável que algumas pessoas ao lerem deem pequenos ou grandes sorrisos ou gargalhem, mas o assunto é sério. A primeira vez que tratei dele assunto foi no meu livro Noite Escura, onde o personagem Aneus possui um membro enorme e isso lhe causa dificuldades. Isso já era minha forma de alertar para esta questão que afeta a psicologia, sensibilidade e virilidade do homem latino. Vou falar sobre a Pau Pequeno Fobia. Para quem não entendeu escrevo por extenso, a discriminação contra homens que possuem pênis fora do padrão da normalidade social, ou seja, com menos de 20 cm (em estado de ereção). Vinte centímetros?! Pois é, a partir deste número nenhum homem tem vergonha de falar do tamanho do seu pênis.

                Normalidade médica e natural, os pênis no Brasil estão na média de 16 cm. Provavelmente 90% dos homens estão nessa faixa, numa variação entre 14 e 18 cm (acabei de ouvir um “não eu”). Observando estes números, nos perguntamos como parece que todos os homens possuem “pirocões”. Na realidade apenas os que o têm ficam publicando isso por aí e acabam por dar uma idéia “exagerada” da realidade. Lembro-me quando nos anos 80 o filme “Atrás da Porta Verde” foi projetado na pacata cidade de Andradina, um clássico pornô, o povo ficou em polvorosa. Fui assistir e jamais havia visto e veria novamente “jebas” daquele tamanho. Ao sair do cinema encontro minha irmã na porta de entrada, na fila para assistir, e a constrangido a aviso, pois ela era virgem ainda e poderia se assustar: “aquilo não é a realidade, tá!” A vídeo pornografia ainda não fazia parte do cotidiano do país – ao menos no interior – e os meninos e meninas faziam suas descobertas de forma mais espontânea “mostra o seu que eu mostro o meu” e depois de alguns risinhos estava tudo certo. A partir do evento da pornografia os seus espectadores começaram paulatinamente a transportar para o cotidiano os requisitos necessários para um filme pornô. Aos poucos isto levou a várias distorções da realidade e dos corpos. Não defenderei os rapazes – que não são maioria – que passaram a exigir das mulheres peitões e bundões, como se fossem apenas acessórios, estes vivem de punheta, e acham que as pessoas existem para satisfazerem os seus desejos mesquinhos.

                Não negarei – religiosamente – a beleza de um Falo. Está no imaginário e na cultura há milhares de anos, o mesmo para a Ione – ícone do sexo feminino. O falo foi desde sempre símbolo de fertilidade, riqueza, prosperidade e espantava o azar. Razão pela qual várias civilizações o possuem esculpido em vários formatos – de preferência grandes -, mas estas não confundiam este “Falo” transcendente com o “pinto”, ainda que um tenha dado origem ao outro. O falo possui apenas as melhores qualidades possíveis de um pênis, e um “pinto” é o que é. O cara nasceu com ele e pronto. Então, não é o caso de demonizarmos o falo e nem falar mal do membro avantajado, mas é o caso de não saudá-lo como se ele devesse ser a normalidade. Alguém precisa avisar a musa do Botafogo que operações de aumento peniano causariam um congestionamento no SUS pior do que a covid 19.

                Não entendo como esse imaginário saiu do mundo do ‘sagrado’ e foi transposto como uma necessidade mínima para o homem comum. Temos que concordar que um Membro grande e bem formado é algo bonito de se ver. Mas se você fez com ele mais do que “ver”, sabe que é uma desgraça, é desconfortável para quem usa e para quem tem. Se alguém aponta um negócio destes na minha direção eu entro em pânico. E esta talvez seja a idéia, causar “pânico”, medo, submissão, uma mistura de terror com desejo. No meu caso só terror. Sou dos que preferem afeto. Já estou “ouvindo” alguém dizer: afeto com pauzão é ainda melhor. É disto que estou falando. Ninguém quer realmente falar a sério desta questão. Na nossa sociedade o membro muito avantajado se associou as idéia de “virilidade” – que apesar de lembrar machismo, são coisas sutilmente diferentes. Uma pessoa viril é corajosa, vai, faz, acontece, briga se for necessário, e o melhor, faz caras e bocas de muito sexy. Usei o termo pessoas, pois a virilidade é extensiva a todos os sexos.

Um membro avantajado parece representar ou até mesmo ser um requisito necessário para a tal da virilidade, mas não é. Entretanto, este “imaginário” recente dá uma grande vantagem aos homens que têm o dito cujo nessa condição. Alguns deles nem precisam estudar para se darem bem. Andam sorrindo à toa pelas ruas. Eles detém o “padrão de beleza socialmente imposto”, agora as mulheres estão me entendendo. Alguém pede e exige de você aquilo que apenas se mutilando pode alcançar. Ainda pior, diferentemente das mulheres, este assunto é um tabu entre os homens. Qualquer um que abrir a boca, já é logo “diminuído” no pau e na personalidade. Eu mesmo vi meninos questionando o assunto e quando ridicularizados abaixavam as calças e se defendiam: “Vê aí se o meu é pequeno?!” Ou seja, se os que têm pau grande não vierem em defesa dos paus normais – supostamente “pequenos” -, não há solução para o problema. Pois quem fala do assunto vira chacota e passa a ser imediatamente um detentor de “pau pequeno” mesmo que não o tenha.

                A questão é que o membro avantajado nem sempre dá prazer, exatamente pelo tamanho – apenas o prazer visual está garantido. Colocar uma prótese peniana apenas para o homem se sentir mais seguro de si é um absurdo completo. Não é uma cirurgia tão simples assim. Não adianta acusar os homens que a fazem de “falta de personalidade” é difícil manter uma personalidade forte quando você ouve até sua mãe fazendo piada com este assunto. Ter um pau normal ou médio no Brasil é o mesmo que ter “pau pequeno”, mas nada disso é problema físico real excetuando-se o caso do micropênis.

Quando o pau médio é um problema? Para um filme pornô. Nos filmes pornôs as genitálias são dadas à admiração, e eles só se tornam atraentes se te puderem oferecer o que você não tem. Essa é a regra do desejo. Então, se você não for a diretora de um filme pornô ou um futuro astro dele, cobrar um “pirocão” de si ou do mundo é uma atitude completamente contraproducente. Primeiro, por que irá fazer com que você tenha de encontrar os dez por cento de pirocudos que existem para poder se relacionar e encontrar satisfação, segundo que irá afastar todo homem bom (eles existem) de você, pois já sabem que não estão sendo julgados pelo caráter e pela pessoa que são. E mesmo que estes bons moços te desejem e insistam, eles sempre se sentirão constrangidos, humilhados e diminuídos quando o assunto aparecer. Quando o assunto aparece? Para os homens cada vez que vão a um banheiro masculino em lugares públicos.

                Numa sociedade de machismo patológico a Pau Pequeno Fobia é um assunto extremamente sério. Apesar de estarem dentro do padrão normal e aceitável, 90% dos homens são induzidos a estarem insatisfeitos se questionando sobre sua capacidade de satisfação - e de darem satisfação para alguém - com seus membros normais. Normais! Normais! Pintos normais que são ridicularizados como sendo “pequenos”. E o que é este “pequeno”. Pequeno é insuficiente. Claro, insuficiente para um filme pornô. Mas isto pode levar a uma pessoa a ficar insuficiente na vida.

                Você já imaginou como é se aproximar de alguém se perguntando o tempo todo se seu pinto será aprovado? E aí nem falamos de performance, o tamanho vem antes da demonstração de funcionamento. Muitos anos ouvi de um rapaz que se dizia bissexual, casado com uma mulher, que adorava a esposa e que dos homens gostava do “pinto”. E eu, um chato como sempre, informei-lhe o que iria acontecer cedo ou tarde: “Fulano, atrás de um pinto tem uma pessoa. E uma pessoa é igual à sua mulher, que também é uma pessoa”. Pouco tempo depois, veio e me informou que estava loucamente apaixonado, por um pinto?! Não, por um homem. É disso que estou falando, não interponha o tamanho fantasioso de um pinto entre você e a pessoa amada. Mesmo que você seja o detentor de um micropênis não deixam que te diminuam ou constranjam, uma pessoa é um conjunto de requisitos, informações, formação, desejos e sonhos e limitá-la a um pedaço de carne que hoje tá duro e amanhã cai não é próprio nem dos animais.

                E por que eu falei sobre este assunto?! Quer que eu mostre? Kkkkkkkkkkk Só para quem assumir o pacote inteiro. Bom fim de semana, aproveita que expandi o seu “mercado”. 90% é bem melhor que 10%, aumentam as chances de você se dar bem.

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