Logo lançarei o livro Mar
Profundo, será um momento muito importante para mim e quero poder
compartilhá-lo com todos vocês.
Uma coisa que ninguém sabe é que
escrevo poemas desde o inicio do Ensino Médio, inclusive eu escrevia mais poesia
que ficção. Apaixonava-me por dá cá aquele sorriso de uma moça bonita - sim,
moças -, e lá ia eu, o próprio Luís de Camões, juntando um palavrório rimado
com pouco sentido, mas muito sentimento. Ia assim levando a vida, rimando
coração com mão, balão com capitão, quando anos mais tarde entrei na Unicamp, e
na Moradia dos Estudantes conheci um rapaz que se tornaria um grande amigo.
E no afã de nos conhecermos como
moradores do lugar, descobrimos que éramos poetas. Na realidade, eu descobri
que “ele era poeta”, pois líamos os nossos textos um para o outro e ele era bom
pra car**ho! Na verdade era ótimo. Seus poemas eram tão magistralmente
sofisticados que percebi que os meus ficaram completamente diminuídos. É meio estranho
vermos alguém assim, tão maior que a gente, quando acontece é justo
reconhecermos. Então deixei os poemas de lado.
Entretanto, poesia pode ter
qualidade ou não, quando a pessoa é habitada por essa força, ela precisa
colocá-la pra fora. E eu tinha necessidade de me manifestar. Então, como quem
não quer nada (mas sem fazer poesia), às vezes anotava uns pensamentos na minha
agenda, outras vezes uma reflexão. Alguns poucos anos depois folheando agendas
velhas descobri que gostava daqueles textos despretensiosos. Eu havia
descoberto um valor em mim que antes não tinha visto. Mas ainda era algo muito
meu, muito pequeno, continuo tímido com meus poemas.
O fato é que de toda minha
produção literária os poemas são onde coloco mais emoção, e muito drama também.
E se lidos em voz alta funcionam muito bem, praticamente feitos para serem
declamados. Em minha poesia coloquei meus sentimentos, os melhores e os mais
assustadores e terríveis, então seria estranho ter uma obra literária na qual o
coração não estivesse exposto e publicado. Assim, reunidos trinta anos de
poesia, selecionei o que eu achava mais fundamental, para que não se perdesse,
e coloquei num livro, Mar Profundo. Logo ele virá a tona. São trinta anos de
reflexão, amores, dores, solidões... São trinta anos nos quais me descobri como
sendo mais um homem junto de outros homens.
E como gastei tanto tempo para
chegar a essa seleção, não haverá nenhum volume dois, uma vez que deveria gastar
outro tanto para o próximo. Será um único volume, uma única edição, com direito
a capa dura, é para guardar e dar de presente. Tem muito amor ali. Uma amiga me
disse que tem muito material escondido para ser publicado, mas insisto “será
apenas este”, então, quando eu ter chamar saiba que você é especial.
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