Lembro-me muito bem da minha infância. Quando adentrei os muros escolares tinha seis anos e meio. Eu fazia questão de frisar a idade, pois havia pedido para minha mãe esperar eu fazer os sete anos necessários para a primeira série escolar. No entanto, como criança, fui voto vencido. Em meus vários passeios solitários pela escola no recreio, como chamávamos o intervalo nos anos setenta, volta e meia eu me via diante do portão, vislumbrando os altos muros brancos e me perguntando: “Por que são tão altos?” e depois meus olhos fitavam o grande portão de chapas de zinco pintadas de cor chumbo, e em seguida paravam diante do trinco e da grossa corrente presa com um enorme cadeado dourado. Tudo era grande para mim, uma vez que era pequeno. Grande o muro, a corrente, o cadeado, e imenso o tempo de quatro horas e meia que me separavam da liberdade, da minha casa e da minha família. Aguardava agoniado as horas até o recreio. Depois, completamente cansado e tris
Blog do Escritor, historiador e prof.Dr. em Multimeios Luiz Vadico. Destina-se à publicação de contos, poesias e assuntos diversos. O autor dedica-se atualmente a uma série de contos natalinos e a um romance.