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300, a Ascensão de um Império.

Muito divertido. Vale por algumas imagens espetaculares, de tirar o fôlego. No entanto, a estética foi um pouco prejudicada por cortes rápidos, um pouco mais de tempo para apreciarmos a beleza teria sido desejável. A música tem momentos bons e até ótimos, mas não escapa da música épica enlatada. Repetitiva, maçante e exagerando nos instrumentos de percussão (eletrônicos, claro) Agora o mais divertido é ouvir toda aquela patriotada americana transportada para a Grécia Antiga. Gente!! Os Persas (iranianos atualmente) atacaram até com homens bombas!! Claro, para não ficar evidente demais a questão política colocaram uma mulher grega liderando o exército Persa. Artemísia, pobre rainha cujo nome foi lembrado apenas para batizar uma figura caricata. A referência ao Irã é tão exagerada que teve até petroleiro no filme, jogando petróleo no mar para depois tacar fogo. E claro, ele explodiu, pois é típico de um filme de Ação que haja explosões. Em seguida vieram os homens bomba.

Coisa Obscena

“Luiz, chegou um sedex pra você” – me disse esta tarde um dos porteiros do meu prédio. “Sedex?!” repeti. E logo ele me deu um pacote fechado, cujo formato deixava adivinhar o conteúdo. Exclamei feliz: “Um livro!”, pois era esperado. Fui logo assinando o papel preso à prancheta, burocraticamente oferecida. E todo entusiasmado, confessei enquanto assinava, “Sabe, este livro eu nem sabia que existia, é o terceiro do meu escritor predileto!” Aí, aconteceu algo muito inusitado, o rapaz que não chega a ter trinta anos, e é de longe o mais “mauricinho” dos porteiros, nada de cara de “tô nem aí” e nem aquela barriguinha bem fornida, é jovem e bem posto, então dá para se entender a minha surpresa. Ele me perguntou cheio de constrangimento, como quem perguntasse algo que me deixaria envergonhado se eu respondesse que sim. Difícil traduzir o tom da voz, a expressão do rosto, mas, assim, do nada ele tascou-me a pergunta, parecendo obscena: “Você já leu um livro inteiro?”

Da natureza das Escolhas - ou "o aperfeiçoamento do erro..."

Todo mundo repete em seu cotidiano como elogio ou crítica "Você que escolheu isso!” Mas resta a quem ouviu a frase pensar sobre a natureza das escolhas. As pessoas falam sobre isso como se as várias opções fossem dadas pela nossa imaginação, basta-nos escolher uma delas e desenvolvê-las como se fosse uma redação primária. Quando geralmente, e infelizmente, estamos envoltos por um mundo que nos impõe situações e pessoas e constantemente nos pede para fazer escolhas. E nos pede para fazer escolha entre coisas que nunca desejamos. E escolhidas, eis aí a responsabilidade a recair sobre as ações... Podemos ser bem sucedidos nessas escolhas. E nos tornarmos pessoas bem sucedidas e até exemplo para a sociedade. No entanto, quando você olha para trás e verifica como é que chegou até neste ponto, passa a entender por que não está satisfeito, mesmo quando as pessoas elogiam. Em outras palavras, nosso caminho se desenvolveu por uma infinidade de escolhas, postas em situaç

Curtir a Vida

As redes sociais possibilitaram uma grande integração. Então, além de tudo o que vemos em nosso cotidiano vemos as pessoas se exporem mais (ou não). Uma das coisas que mais me chama atenção quando leio o “sobre”- que é o texto onde a pessoa se apresenta - é as palavras “curto a vida” “a breja com os amigos” “as baladas” e depois, nas linhas do tempo, as reclamações sem fim por que o final de semana acabou. A tal vida que tem de ser “curtida” antes que acabe, e cuja expressão vejo em perfis que vão dos 18 aos 40 anos, parece uma carga terrível a ser carregada e que só pode ser suportada com um desfile interminável de supostos prazeres. Na outra mão vêm aqueles que rezam todos os dias, postam orações, santinhos, e lutam chorosamente para suportar a existência. E rogam a Deus para lhes dar forças e paciência, e em geral essa força e paciência é contra a adversidade da vida e outros possíveis seres humanos. Esta vida insuportável e estes seres humanos insuportáveis. Claro que

Conto de Natal

                  Era noite, noite silenciosa , e ela estava escura e fria. Um vento gelado batia pelas faces dos transeuntes. Garoava. A chuva fina molhava o asfalto que, brilhante e negro, refletia como um espelho as luzes dos enfeites de Natal. Brilhavam os vermelhos e verdes de semáforos, faróis amarelos dos carros, luzes azuis das lampadinhas, brilhos encantadores e sombrios. As pessoas caminhavam agitadas e com pressa pela estranhamente iluminada, e escura, avenida de São Paulo, a mais conhecida, a mais querida. Uns escondiam-se sob guarda-chuvas, outros enfrentavam a triste garoa desabridamente. Algumas pessoas paravam diante dos enfeites natalinos para tirarem fotografias entre risos alegres e banais. A garoa não importava tanto, ela apenas emprestava mais reflexos, mais luz e um ar triste e melancólico àquela noite.                 Em contraste, as ruas paralelas pareciam ficar ainda mais escuras. E, se parecia seguro passear pela grande avenida, caminhava-se um pouc

Marcas

No deserto dentro de mim há uma trilha de pegadas. Não sei de onde vieram e nem para onde vão. As direções se confundem neste horizonte árido e vazio. Sei quem as deixou, mas não sei quem é...Passou como um peregrino em busca de alguma coisa, fazendo uma jornada qualquer. E incauto deixou suas marcas em mim. Eu as miro, e suspiro... Olho-as, e satisfeito tenho-as por companhia. Até que o vento pouco a pouco as apague. Peregrinos não têm culpa por seus pés repousarem delicados e macios na fina camada de areia. E nem esta por lhes guardar a lembrança. Sopra ligeiro vento, sopra ligeiro! Deixa-me guardar apenas por um instante, essa imagem que se desfaz, pois a aridez da minha paisagem não combina com marcas em vão.