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O Amante Rejeitado

Aquela, de fato, fora sua última tentativa. Esqueceria os seus sentimentos. Afinal, não seria a primeira vez. Atirou algumas roupas sujas de uma poltrona para outra. Jogou os pés sobre a mesinha de centro e fitou as pontas dos seus sapatos. Repouso. Em algum lugar duas pastilhas de Son-Risal caem borbulhantes num copo d’água. Alguém abre uma cerveja e arrota a lata numa mão calejada. Ela continuava com o outro, esta era a realidade. Nunca fora sua. Disputara as sobras todos aqueles anos. Cansara das falsas esperanças que as varizes novas dela prometiam. O tempo passara e desgastara as circunstâncias. Um cachorro vira-latas derruba um latão de lixo e rosna para o outro que se aproxima da guloseima. Pisca um neon da Coca-Cola, faiscando vermelho e branco pelos prédios e árvores no centro da cidade. Fizera um longo tricô de sonhos e para cada situação possuía um papel de ator secundário. Fizera papel de criança rebelde, melhor amigo, conselheiro, confessor, padre e santo. Fatigara-se

APORIA (Ele, Ela e o Gato!)

O fato é que não sabia exatamente o que ocorria. Assim mesmo saiu despreocupadamente. Assoviava uma música de Gershuin, o rítmo enjoado o embalava pelas ruas, como se estar vivo fosse tudo o quanto bastasse. Comprou pão e mortadela, iria ser o jantar. Um vento frio cantava por sob a aba do chapéu côco e as orelhas escondiam-se por detrás de um cachecol mostarda, possivelmente aguardando a partida do inverno. Interrogara-se à respeito da noite anterior: _ Fôra fim ou começo? Sabia que muito tempo se passara, logo não era começo e sim meio. Meio. Meio-termo. Da mesma forma que a metade de um todo e várias partes deste mesmo. Meio de caminho... possibilidade de inteiração. Enfim, não era começo. Seria o final? Acalentava a dúvida. **************************** 25 de agosto. Meu Diário, ontem nós jantamos pão com mortadela. E pensando bem, ante-ontem também e até onde a lembrança alcança não tivemos outro prato para o jantar desde que nos conhecemos. Dessa vez porém, foi o fim

Botão de compras para os Livros

Olá, na busca de melhorar o contato com os amigos e leitores, coloquei um "Botão de Compras" no Blog. Tenho certeza de que tudo funcionará bem. O PagSeguro é realmente seguro, rápido e eficiente. Mas, para que serve este botão de compras? Maria de Deus já não está à venda nas livrarias? Pois é, está sim, no entanto, os livros comprados aqui me beneficiam diretamente. No futuro desejo colocar mais livros à venda. Parte efetiva da renda dos meus livros será direcionada à dar continuidade às minha publicações. Obrigado àqueles que comprarem, muito obrigado àqueles que divulgarem, mas mais obrigado ainda àqueles que partilham do meu trabalho, seja ele pago ou gratuíto. Um forte abraço Luiz Vadico

Mercado Editorial

Atualmente estou me preparando para uma luta. Ter visibilidade, aparecer no mercado editorial, virar escritor para as massas. Nunca me pareceu importante, mas por alguma razão, tenho querido mais e mais ser lido. Desejo viver da minha literatura, nem que seja como artesão. Sapateiros vivem de fazer sapatos. Costureiras de seus vestidos, e assim desejo seguir a lógica, encontra-me comigo mesmo, escritor vive de seus escritos. Espero que os leitores gostem do meu produto. Por que mais do que um produto, ele faz parte da minha vida, é feito com carinho, às vezes com dor, às vezes com sangue, às vezes com ternura. Por isso sinto-me um artesão, cada conto, cada poema, cada crônica... é assim, feito com tempo, nada de fábrica  de escritos, nada de produção em série, é feito por que precisa ser feito, é feito por que é oque sei fazer de melhor. Um grd e bom dia para todos!
         Os (as) amigos (as) leitores (as) que visitam meu Blog irão perceber algumas alterações. O Layout, o pano de fundo e mais duas páginas para abrirem e se divertirem. O Blog está com uma cara mais séria. Acho que isto se deve ao meu desejo de começar a divulgar a minha literatura que já foi impressa. Neste sentido, comecei pelo começo. Página para Maria de Deus , meu primeiro livro. Ele se encontra à venda e é facilmente encontrável nas livrarias virtuais, É só gugar o título entre aspas e pronto. Espero, para breve colocar uma opção de compra no Blog, assim, os que desejarem poderão beneficiar o autor diretamente. rs. Logo colocarei outras publicações, aguardem.         Maria de Deus , apesar do tamanho (só 81 páginas) foi um livro complicado de escrever. Ele foi desenvolvido entre 1994 e 1995. Eu havia acabado de me formar e passava pelas indefinições entre religião e mundo. A idéia nasceu aos poucos... Eu me sentia um pouco como o Jonas bíblico na época... por mais que

Conto de Natal

             Era noite, noite silenciosa e ela estava escura e fria, às vezes um vento gelado batia pelas faces dos transeuntes. Garoava. A chuva fina molhava o asfalto que, brilhante e negro, refletia como um espelho as luzes dos enfeites de Natal. Brilhavam os vermelhos e verdes de semáforos, faróis amarelos dos carros, luzes azuis das lampadinhas, brilhos encantadores e sombrios. As pessoas caminhavam agitadas e com pressa pela estranhamente iluminada e escura avenida de São Paulo, a mais conhecida, a mais querida. Uns escondiam-se sob guarda-chuvas, outros enfrentavam a triste garoa desabridamente, pois ela era leve. Algumas pessoas paravam diante dos enfeites natalinos para tirarem fotografia entre risos alegres e banais. A garoa não importava tanto, ela apenas emprestava mais reflexos, mais luz e um ar triste e melancólico àquela noite.            Em contraste, as ruas paralelas pareciam ficar ainda mais obscurecidas. E, se parecia seguro passear pela grande avenida, caminhava-

As coisas

Mais uma vez ele estava esperando...aguardando..não saberia dizer quantas vezes ele faria isso ainda. Mas sim. Isto não era a melhor coisa do mundo. Olhar para as paredes e imaginá-las como se fossem longas muralhas de pedra de cidades antigas não o acalmavam. Mesmo assim era o que fazia. Por dentro das suas muralhas ele sentia-se oprimido. Enclausurado. Feito prisioneiro de si mesmo. Não saberia escalar aqueles altíssimos muros. Apenas olhava-os debaixo para cima sentindo-se completamente anulado por aquela fortaleza imensa construída por sua vontade. Do lado de fora multidões como se fossem uma vaga do mar, ameaçando fazer soçobrar aquelas pedras tão bem alinhadas. Mas tudo era inútil contra aquela inquebrantável barreira. Enfim, considerou que estava perdido em si mesmo, pois ninguém conseguia entrar e ele também não conseguia sair. A sala, arrumada de forma simétrica mergulhava numa luz penumbrosa. Ele dizia ser sensível á luz, por certo o era. Talvez preferisse as trevas...talve