Pular para o conteúdo principal

Postagens

É preciso cuidar dos homens

               Espero não causar nenhuma polêmica, pois esta questão para mim está imersa em grande racionalidade. A mídia nos últimos anos (deve ser a Globo) tem dado ênfase na violência contra mulher, seja em relação ao feminicídio seja em relação ao assédio e violência sexual. Tem sido muito importante os avanços ocorridos nesta área. Talvez um dos passos mais importantes tenha sido a criação da Lei Maria da Penha (e o esforço pela sua aplicação) e também o estabelecimento da Delegacia das Mulheres. Os números de telefones e aplicativos de celular destinados à denúncia da violência doméstica se multiplicam. E isso é bom. Sou favorável a que todos vivam.             Como todos sabem tenho sido gay desde sempre. Então eu também tenho medo de sair às ruas e sofrer violências (principalmente as com requinte de crueldades que são as que mais atingem gays). Muitas vezes na vida senti-me como as mulheres, assustado ao passar junto aos “famigerados homens heterossexuais” (gostam de anda

E se Maria Madalena não for o que pensam?

           Sim, às vezes gosto de adicionar água à fervura. No século XX, e tão somente nele, a literatura e o cinema resolveram desdobrar (ampliar ficticiamente) o papel de uma personagem evangélica que - exceção feita ao momento da Ressurreição -, mal foi citada nos textos, Maria Madalena. E quando citada o foi igualmente a outras mulheres. Em torno dos anos 80, quando li com cuidado as referências a ela nos textos canônicos (Marcos, Mateus, Lucas e João) -, preocupava-me que no cotidiano a tínhamos como prostituta. Entretanto, eu já observava, nada aparecia ali que pudesse fazer com que se tirasse essa conclusão. Era um engano ou um engodo. Anos se passaram até que veio à público a informação da fusão desta personagem com outra, a da mulher adultera, por um Papa no século VI (Gregório Magno, em 593). Ele não o fez por maldade como dizem atualmente, as prostitutas romanas precisavam de uma santa padroeira, e na falta de uma que tenha tido essa profissão ele reinterpretou Maria Ma

Para ter um melhor Dia das Mães

            Dia das mães chegando. Sempre achei esta uma das datas mais felizes. No que me diz respeito parecia aquela com menos pressões sociais. Afinal, damos um abraço forte e gostoso em quem amamos e isso é a própria expressão de felicidade. Entretanto, para algumas mulheres essa data também pode ser um pouco triste, pois relembra o fato de que não puderam ser mães, ou tiveram que fazer a dura escolha, abortar um ou dois, para que os que tinham nascido pudessem viver com uma mínima dignidade. Sim, hoje vou falar com você que chora em segredo.       Pedro WEINGARTNER, A fazedora de anjos (tríptico), óleo sobre tela, Brasil, 1908. (detalhe)        Nossa sociedade sempre colocou uma excessiva carga nos ombros das mulheres. Talvez a maternidade seja ao mesmo tempo uma bênção e também uma espécie de cruz que elas carregam. À mulher não se permite aliviar dos ombros essa carga. Se ela o faz, precisa carregar este ato em segredo pelo resto da vida, pois até mesmo sua melhor amiga irá re

Aquelas pessoas da sala de jantar...

          (...)                   Enquanto isso, numa fazendola há muito esquecida por Deus, um grande grupo de ovelhas brancas cantava em coro:                “Levava uma vida sossegada...Foi quando meu pai me disse: filha, você é a ovelha negra da famíliaaaa”                     Um pastor que as ouvia aturdido, sem nada compreender, perguntou para o outro pastor que também ali estava: “Por que elas cantam tristes assim?! Elas nem são negras...”                - Morreu Rita Lee! - respondeu secamente o outro.                O pastor ficou um pouco em silêncio, enquanto o coro aumentava, ele saiu dali cantarolando baixinho:                   “O doce vampirooooo... ow ow ow a luz do luar, Ahhhh me acostumei com você! Sempre reclamaaaaando da vidaaaaa! Me ferindo me sugando, a feridaaaa, mas nada disso importaaaa r ara vou abrir a porta pra você entrar...”                     E, “para não ficar por baixo, resolvi botar as asas pra fora...” pensou o outro, saiu de fininho canta

Qual o sentido da vida?

                   Em plena sexta-feira de manhã acordo com vontade de escrever sobre aquilo que para alguns não tem solução, ou é mesmo um tema que já está resolvido: Qual o sentido da vida? Tem pessoas, devido à sua simplicidade, para quem isso nunca foi uma questão. Eu mesmo só fui prestar atenção nisto quando estava na faculdade de História. Afinal, o que historiador mais faz é pensar em coisas semelhantes a esta. Mas vamos lá! O que é “sentido”? Sentido, neste caso, é direção. Da mesma forma quando você dirige um carro e ele vai num sentido, e outros carros vem em outro sentido; e às vezes você também tem de mudar de sentido quando faz uma curva ou quando entra a esquerda ou à direita. Sentido é direção. Então quando falamos em sentido da vida, estamos pensando sobre qual a direção que a vida deve tomar, onde se quer chegar com ela. A outra acepção para sentido seria significado. O que a vida significa, o que significa estar vivo. Por que estamos vivos, vivendo e o que fazemos c

A guerra dos sexos - Uma Aventura com O Pequeno Príncipe (fase adulta)

Num destes dias de dolce far niente o Pequeno Príncipe passou no meu apartamento   e me levou para conhecer coisas novas no universo. Apareceu meio do nada enquanto eu trabalhava no escritório, quando olhei pela janela lá estava ele acenando com seu ganso gigante.   Depois de tanto tempo de publicado (ele já tem mais de 21 anos), não tive dúvidas, joguei-me no ganso em busca de aventuras. Depois de muito cavalgarmos na sua ave gigante, o Príncipe que se tornara um belo jovem, loiro de olhos azuis - ou do jeito que seus desejos quiserem imaginar -, arremessou-nos em direção ao espaço sideral. E viajamos na velocidade da imaginação, tantas vezes mais rápida do que a luz. Num instante chegamos a um pequeno planeta. Não era o dele, e nem o planeta do bêbado que conhecemos de outra estória. E cuja companhia aprendeu a valorizar ao longo dos anos. Este era um planeta novo para nós.                 Em nossa aterrissagem parecia que havíamos chegado em má hora. Tudo ali era branco, até me

Por que Leonardo? Ou A Mona Lisa é feia. “Libélulo” contra a moscamortice cultural.

              Estou na fase de muitos incômodos. Deve ser falta de ter o que fazer. Mas já se perguntaram por que Leonardo da Vinci é citado tantas e tantas vezes? É difícil passar uma semana sem que seja lembrado de alguma forma em algum lugar. Outro que nem pediu tanto, foi Einstein. Como falam do coitado. Faz uns quinze anos que a bola da vez virou o Tesla, antes ninguém tinha ouvido falar dele (ou se ouviu não prestou atenção). Hannah Arendt era apenas conhecida no reduto sagrado, agora é a própria “banalidade do mal”. Ás vezes eu gostaria de saber quem é que escolhe as pessoas que irão virar “popstar”, ou como adoram vomitar por aí: ícones da cultura*. O mais interessante é que quem escreve os artigos parece nunca se perguntar o porquê de os estar escrevendo afinal. Quando querem mudar de assunto desenterram algum artista importante que eles mesmos ignoravam. Tudo muito reducionista. Qualquer macaco hoje, antes de comer uma banana, aponta um quadro de VanGogh. Só Van Gogh! Afina