Pular para o conteúdo principal

Postagens

Na Companhia dos Maus!!

Por medo da solidão e da incompreensão As pessoas se apequenam demais. Ouvem aquilo que nem deveria ter sido dito. Ponderam o imponderável. Aceitam o inaceitável. Dobram-se diante de reis sem reinado. Compreendem o que não merece compreensão... Tornam-se coniventes com a democracia do errado. Pensam assim se cobrir de garantias, Semeiam sorrisos, Amealham simpatias, São em todos os círculos acolhidas... E, quanto mais vemos com quem convivem, E quem são aqueles que as compreendem... Melhor nos parece a solidão. Pois há círculos nos quais Não vale a pena entrar e nem conhecer. Sempre há deuses para os quais Não vale a pena se ajoelhar. Baseadas no tênue medo De não serem aceitas, e Não terem quem as ajude A carregar as suas cargas... Elas se prostituem por migalhas, Fazendo corar as próprias putas Que bem sabem da dignidade do seu preço. Ter o carinho e a compreensão da canalha, Não é digno do homem bom. Ser só e incompreendido

Não vou sofrer por você...

         Hoje foi um daqueles dias de óculos escuros, sabe?! Aquele dia que está lindo, mas cuja claridade ofusca tanto que – para um astigmático como eu – é necessário se perder parte da sua beleza... Acordo sempre cedo e hoje não seria diferente. Nos sábados de manhã, as vezes levo meu carro para passear e aí termino sempre num café na Oscar Freire. Geralmente estou entre os primeiros clientes a se sentarem nas mesas postas na calçada. Lá, peço algo enquanto olho presbiopemente o cardápio. Costumo me dar uma manhã de imprevisível saciedade. Deixo-me levar pelas mulheres e homens bonitos que passam, experimento da sua beleza faceira... aqueles trajes da manhã de sábado... caras de acordei agora, roupas fashionmente desarrumadas, todos numa performance que de tão estudada parece natural. Eu me incluo na mesma categoria. Fui olhar e ser visto, um deleite cheio de vaidades escusas.          Entre a minha primeira xícara de café com leite (grande) e a segunda um casal sentou-se numa mes

Leiam "Bartleby, o Escrivão"!

          Há pouco tempo desabafei numa crônica que tinha “sede de ler um bom livro”, em minhas buscas semanais por algo interessante, chamou-me a atenção um livro pequeno, verde, costurado dos dois lados, logo, impossível de ser folheado. As letras da capa, que anunciavam o título do livro e o autor, bem como a tradução e o autor do posfácio, estavam impressas e escritas à maneira do século XIX. O inusitado projeto gráfico encheu-me os olhos imediatamente. Afinal, o que mais queria eu, ávido leitor, do que dar uma passeada no século XIX? Longe dos computadores, das páginas virtuais, dos e-books, e das novas tentativas da informatização de açambarcar o objeto livro?!          O autor sempre me atraiu, mas confesso que ainda não havia lido essa obra. Herman Melville, muito conhecido entre nós por “Moby Dick” é um dos maiores escritores americanos. E este “uns dos maiores” não é um elogio que apenas li, eu o considero assim também. Sua reflexão humana antes e durante à caçada da baleia,

Minha Época

Alguns amigos têm pedido incessantemente para que eu escreva contos ambientados em nossa própria época. Contemporâneos. Alguns até comentam que os contos que se passam na Antigüidade poderiam ser plenamente transportados sem prejuízo para o nosso momento. Sem desprezar a opinião dos meus amigos, acolhendo-a e desejando também que ela seja útil e verdadeira, penso que eles não sabem ou desconhecem o fato de que sou filho da Guerra Atômica. É, aquela que não houve. Aquela que não sabemos se haverá. Outros também não se lembram eu sou filho da máquina de escrever e da caneta e tive de adaptar-me ao computador (coisa, aliás, bem positiva). O que desejo dizer é que sou do tempo em que havia um terror no ar e menos pressa de que o mundo acabasse. Tínhamos tanto medo de perder a vida e o planeta que desejávamos ver as cores do mundo, os homens como semelhantes, os países como irmãos, etc, etc, etc. Hoje, apesar do pouco tempo em que essas coisas decorreram...o único medo que temos é de não en

A Solidão não é má!

A solidão não é má. Ela é chata. Isole-se e fique satisfeito com isso e perceberá para que serve todo o resto que lhe ensinaram ao longo dos anos. Cresça, tenha amigos, arrume uma namorada, faça uma boa faculdade, aproveite a vida, divirta-se e depois case. Tenha filhos, veja-os crescer, orgulhe-se e envergonhe-se deles. Faça autocrítica. Separe-se da esposa, arrume outra ou vire gay. Importante, economize dinheiro e viaje todos os anos. Trabalhe e faça aquilo que você mais gosta. O trabalho, com certeza será seu melhor companheiro ao longo dos anos. Depois envelheça, feliz ou...não. Receba a gratidão ou ingratidão dos seus. Passe sessenta anos com seus melhores amigos, tomando cerveja, comendo, e comemorando o natal. Diga a si mesmo: Feliz Aniversário. Agora se você decidiu não fazer nada disso. Ou, fracassou mesmo em todas essas possibilidades. Então, você está sozinho. Aos poucos perceberá que a solidão não é má. O combate à solidão que se faz todos os dias na sociedade não é po

A Pesada Carga do Heterossexual Masculino

Neste último Big Brother Brasil estamos tendo uma chance única. Os organizadores resolveram colocar ao menos três pessoas que assumiram uma condição homossexual. Dois deles mais efeminados e afetados. Até então tínhamos vistos homossexuais que se expressavam de outra forma. Alguns torceram seus narizes, outros, como eu, disseram: Bem, por que não? Outras vertentes gays, enrustidos, discretos, entendidos, já estiveram representadas. Faltam-nos agora os ursos, travestis, transgêneros... bem, provavelmente logo virão. Isso é legítimo e interessante uma vez que dá conta da diversidade sexual do país e do gênero humano. Mas, acompanhamos visualmente, gestualmente e verbalmente duas radicalizações distintas, a da homossexualidade e a da heterossexualidade masculina. Esta última menos suspeitada e nada esperada. Sou daqueles seres humanos que tendem ao equilíbrio em todas as coisas e relações, então, se dependesse do meu desejo o BBB seria apenas um delicioso chá de senhoras, onde todos rirí

Clube Glória - V.I.P. - Você Importa Pouco!

Clube Glória - V.I.P. Very Important People Iniciemos com dois elogios. O Clube Glória tem uma proposta ótima, que de tão inusitada é difícil de acreditar que tenha funcionado: reunir as pessoas ligadas ao mundo da moda, quer sejam profissionais, fãs ou consumidores de moda. A proposta funcionou, e talvez a melhor prova seja que na maior parte do tempo a casa está lotada. É muito interessante ir ao Glória, pois é o único lugar de São Paulo, que eu conheço, que consegue ser surpreendente o tempo todo. Quando vou para lá não sei que tipo de música vou ouvir, há muita variação, e isso para mim é bom. Não é aquela coisa excessivamente homogênea de outros lugares. Os freqüentadores são um caso a parte. Também não imaginamos o que iremos encontrar na noite, sempre diferentes, diversificados e interessantes. A maior parte muuuuito jovem. Bem, mas até aí, grandes idéias criativas surgem deste meio e a energia e beleza da juventude são bastante atraentes. Também é o único lugar no qual me sint