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Marcado na Pele

  Na pele carregamos o que importa             Kleberson já havia se acostumado ao cheiro de barata do lugar e ao barulhinho da máquina do tatuador. Descobrira, pouco depois de chegar a São Paulo, o estúdio de tatuagens ali na Consolação. Uma porta pequena pra rua, dando pra uma escada, levava pro primeiro andar de um comércio velho. A escada era meio escura. Iluminada por uma lâmpada incandescente dependurada do alto teto. Alguém havia pintado tudo de preto, que é uma cor tão higiênica quanto a branca. A diferença é que uma mostra toda a sujeira e a outra esconde. O lugar nem era sujo demais. Bill, o apelido de William Roberto Pereira da Silva, era o artista; fizera há muito tempo a sua reputação ali. Não se sabe se por que desejava mais espaço para se tatuar, ou apenas por que comera muito, engordara demasiado desde que se conheceram.             Com habilidade o tatuador trabalhava nas suas costas brancas. Sempre ficara espantado com a brancura daquela pele, parecia translúcida.

O Natal de Brad Pitt

O futuro da nossa personagem - Brad Pitt Brad Pitt, seu nome era Brad Pitt. Menino de cabelos loiros espetados, parecendo de palha. Escutou no corredor a conversa da irmã Das Dores com a irmã Dirce. O Natal deste ano seria diferente. Irmã Dirce, por detrás dos seus grossos óculos de aros pretos, sugerira que o Papai Noel viesse de madrugada ao orfanato Santa Luzia. Assim as crianças seriam surpreendidas, como quando ela fora uma menininha. A idéia foi aceita, estranhamente sem nenhuma discussão. Sem que notassem, o menino magrinho, branco de olhos imensos e azuis, catou a frase no ar e sem demora foi avisar aos outros. Do alto dos seus oito anos, Brad Pitt era um dos mais ativos dali. Colaram-lhe alguns rótulos típicos, hiperativo, déficit de atenção, endiabrado, etc. Já haviam concordado entre si que na vida ele só seria loiro. Fôra irmã Assunção, uma amante de Cinema, quem lhe dera o apelido. Assim como aos outros meninos. “É para eles se sentirem importantes!” Dizia. Ele atraves