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Mostrando postagens de 2011

Conto de Natal

             Era noite, noite silenciosa e ela estava escura e fria, às vezes um vento gelado batia pelas faces dos transeuntes. Garoava. A chuva fina molhava o asfalto que, brilhante e negro, refletia como um espelho as luzes dos enfeites de Natal. Brilhavam os vermelhos e verdes de semáforos, faróis amarelos dos carros, luzes azuis das lampadinhas, brilhos encantadores e sombrios. As pessoas caminhavam agitadas e com pressa pela estranhamente iluminada e escura avenida de São Paulo, a mais conhecida, a mais querida. Uns escondiam-se sob guarda-chuvas, outros enfrentavam a triste garoa desabridamente, pois ela era leve. Algumas pessoas paravam diante dos enfeites natalinos para tirarem fotografia entre risos alegres e banais. A garoa não importava tanto, ela apenas emprestava mais reflexos, mais luz e um ar triste e melancólico àquela noite.            Em contraste, as ruas paralelas pareciam ficar ainda mais obscurecidas. E, se parecia seguro passear pela grande avenida, caminhava-

As coisas

Mais uma vez ele estava esperando...aguardando..não saberia dizer quantas vezes ele faria isso ainda. Mas sim. Isto não era a melhor coisa do mundo. Olhar para as paredes e imaginá-las como se fossem longas muralhas de pedra de cidades antigas não o acalmavam. Mesmo assim era o que fazia. Por dentro das suas muralhas ele sentia-se oprimido. Enclausurado. Feito prisioneiro de si mesmo. Não saberia escalar aqueles altíssimos muros. Apenas olhava-os debaixo para cima sentindo-se completamente anulado por aquela fortaleza imensa construída por sua vontade. Do lado de fora multidões como se fossem uma vaga do mar, ameaçando fazer soçobrar aquelas pedras tão bem alinhadas. Mas tudo era inútil contra aquela inquebrantável barreira. Enfim, considerou que estava perdido em si mesmo, pois ninguém conseguia entrar e ele também não conseguia sair. A sala, arrumada de forma simétrica mergulhava numa luz penumbrosa. Ele dizia ser sensível á luz, por certo o era. Talvez preferisse as trevas...talve

Covardia emocional... dar um tempo...

Vamos lá, se é pra falar vamos, falar! To cansado da vida pós-moderna, principalmente no que diz respeito aos relacionamentos amorosos. As transformações ocorreram rápido demais, mudaram os códigos, agora é por e-mail, por msn, por facebook, orkut, etc, que as pessoas se conhecem e se estranham. Venho notando que uma coisa esquisita anda acontecendo com muita freqüência. Os relacionamentos podem nascer virtuais ou não, mas terminam de forma virtual. Uma série de casos já me foram narrados e eu fui vítima em ao menos três. Vítima?! Sim, é um caso de vitimação. Vamos lá para o que acontece. Você conhece alguém, flerta, troca sorrisos, nomes e sobrenomes... Beija, aumenta a intimidade, vai sentindo a pele da outra pessoa... se acostumando, com o cheiro, com a voz... com a presença. Aos poucos este primeiro encontro vai se repetindo, cada um com uma intensidade e estória diferentes. Aí, você apresenta pra família, aquela expectativa natural com “será que minha mãe vai gostar?” Que logo

Falando de literatura e mercado editorial no Brasil

          Dia em que há tantas coisas há dizer que nem sei por onde começar a dizê-las. Começo por dizer que, na verdade, não gosto de digitar o que penso no computador, uma vez que tudo que penso - quando penso - acontece fora e longe dele. Assim, gostaria de ser organizado o bastante para levar um caderno e uma caneta e anotar; comprei um gravador digital mas a experiência fracassou por causa do Windows Vista. Acreditem, o Vista não abria os arquivos de som. Então... acabou o gravador digital.          O difícil é desejar passar a imediaticidade das coisas para quem irá ler; eu juro, tenho pensamentos interessantes, mas eles ficam nos lugares por onde estou e passo, deixo muitos deles pelas livrarias. Cada livro novo que pego...sai uma crítica social completa. Poderia-se dizer que “nada se perde”, mas, honestamente, se perde sim. Tenho procurado um bom livro para ler. Fiquei feliz, pois relançaram vários clássicos: Alexandre Dumas, Tolstoi, Graciliano Ramos, etc. Afinal, se desejamo

Advinhe se grito ou represento?

O que é mais fácil? Terminar com a vida ou mudar de vida? Sinto que a resposta surgirá logo... Não sou uma pessoa, sou um decalque dos desejos sociais (lembrar sempre: querer quem te quer!) O grito digital não é ouvido, ele é lido, e por isso...tarde demais quando percebido... E não importa se é de dor ou de prazer, ele pode ser facilmente deletado, depois que se descobriu atrasado... Mas não existem mais gritos verdadeiros, não é? Agora todos os gritos são Munch! Não se foge mais das representações, e nem de ser uma delas, mesmo se auto representando... só importa o público que se deseja identificar Sou muitos Munchs num só... advinhe se grito ou se represento... Enquanto isso a realidade se nos foge dos dedos e nem eu nem vc saberemos quem fui eu depois de deixar de ter sido... Gritei alto o bastante?! Representei bem o meu papel? Plauditi amici... disse Beethoven