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Mostrando postagens de 2008

Está dentro!

A geração que se importava acabou... Vivo o presente, então... Então eu também não me importo... Eu também não me importo... Também não me importo Não me importo... Me importo... Importo Não posso obrigar as palavras A dizerem o que não está no meu coração.

Angola

I Tive medo em Cabo Ledo Onde vi a vida escapar-se Duas meninas negras salvas... Uma...morta... Uma morte a mais... Um branco as salva... E outro diz: tanto faz... É justo de lá que trago uma pedra Me a deram...sem beleza... Sem lustro, sem atrativos... Ocorre-me apenas o silêncio Ensina-me a ser mudo pedra... Pois roubaram-me as palavras Deixa-me sem lustro Brilhar por aquelas noites escuras... II Hei de lembrar do sorriso de Lucrécia “Estás bonito Seu João...” Hei de lembrar... Da vaidade faceira... Dos escombros de uma cidade inteira De ser um humano sem lugar... Não fui negro em ti Angola Não fui... Nem branco pude deixar de ser Apenas mais um em Luanda Lá estando não pude lá estar “tenha medo!” “tenha medo” “Ele irá te proteger!” Voltei porque tinha que voltar Mas uma parte de mim deixei por lá...

Mulher

I Quem foi que te ensinou a ser assim tão bela? Quem te disse que podias roubar toda a beleza para si? E com que soberba julgas ainda poder ser modesta? Com que ousadia humilha as outras com tua presença? Não te ensinaram a ser piedosa? Desconheces a misericórdia? Tudo o que as outras são e fazem... é pequeno... Um sorriso teu, um sorriso teu... e o tempo, envergonhado, foge... Olhos desviam-se à tua passagem... Poucos como eu suportam...ver-te face a face... Poucos... uns porque se julgam dignos de ti E eu porque preciso descrever o que eles não podem ver... II Não bastou que arrancasses o brilho do céu E o colocasse em teu olhar...e ainda Tu roubas o rubor e a doçura da ameixa madura e os põe em teus lábios?! Não se lamentam bastante os veludos não se compararem com tua pele? Precisava escarnecer de todos os tecidos? Diga-me, o que te fez o cetim, para merecer tamanho desprezo? Não precisava o mar ser humilhado pela umidade dos teus olhos... E diga-me quem agora irá mirar para os hor

Um Século de Vida e Nada...

Muita coisa acontece ao longo de um século. Muita coisa...Livros se escrevem para se analisar e falar deste tempo que passou...historiadores se esforçam em vão por adquirir uma contemporaneidade que nunca lhes pertenceu. Poucas pessoas restam que podem dar testemunho sobre a história do século XX. Pouquíssimas viveram mais que sessenta ou setenta anos. Toda semana somos informados que um nome importante de nosso teatro, cinema e televisão desapareceu. Uns já haviam desaparecido da mídia há tanto tempo, quer por não terem se adaptado aos novos tempos, quer por escolha própria, que já até mesmo as lápides estavam previamente escritas. Todos os anos vemos uma ou outra homenagem (pífias, seja dita a verdade) a Oscarito, Grande Otelo, Mazzaropi entre outros. Quando falamos em vida artística no Brasil parece interessante citar grandes nomes do passado e imediatamente sacamos Cacilda Becker, Jardel filho, Procópio Ferreira, pulamos para Emilinha Borba, Dolores Duran, com a facilidade de quem

Da Imaginação e Do Carro

Querem resolver o problema do trânsito em São Paulo. Alguns apelam para o mais óbvio – e necessário – maiores investimentos do governo em transporte público... Tudo bem, mas se tivéssemos todos estes transportes atualmente, ainda assim compraríamos carros e desejaríamos andar com eles, nos exibir com eles. As autoridades se esquecem que um automóvel não é apenas um meio de transporte, talvez essa seja a sua última função. Um carro é um veículo para a nossa imaginação. Já compararam os homens que neles andam com cavaleiros de armadura, armados até os dentes, cavalgando pelas estradas, fazendo estragos. Já disseram que os penis de alguns são inversamente proporcionais ao tamanho do carro. Bem, isso não impediu que os carros continuassem aumentando de tamanho. Quando ainda andávamos a cavalo – se é que podemos assumir o passado – nos convenceram a abandonar aquele amigo que tínhamos. O cavalo era quase um membro da família. Ele era companheiro, não derrubava o seu dono. E, da

Me Cuide

Me cuide, toma conta de mim... Me cuide em silêncio... Me deixa descansar no seu colo e não me pergunte nada... Me cuide pelas esquinas da casa E mesmo que eu me desfaça em lágrimas... Apenas me abrace... Não fale das minhas virtudes... elas me pesam E nem dos meus defeitos...eu os conheço... Não me importune comigo mesmo... Eu não quero ser o assunto... Seja minha sombra, minha árvore, meu alicerce... As palavras me cansam e exaurem... Não diga que me ama, apenas cuide de mim... Deixa que teus olhos me contem tudo... Que tuas mãos fiquem perdidas entre as minhas... Ouça o meu silêncio Que o teu será para mim uma sinfonia Cheia de significados... Não precisa falar da tua força, Apenas seja forte... Deixa tuas coisas pela casa... Para que elas me cuidem na tua ausência... Me cuide... Porque sou uma rosa cheia de espinhos... Me rega com carinho, afasta de mim as pragas... Não me pode... E eu prometo ser o que sou...

Eu Google!!

Às vezes eu coloco o meu nome no google e fico me procurando... Antes eu já me procurava, sem me achar Altavista, Yahoo! Cadê?! Buscava e buscava...tentava todas as combinações E nada... Em outra época eu já me procurava Mas as coisas não tinham o meu nome Catolicismo, Espiritismo, Cristianismo, Budismo, hinduísmo... Era um caminho, mas não era eu... Aí um dia mudei de nome, cortei o Antonio Publiquei um livro, assumi minha poesia Escrevi uma tese sobre o que eu realmente amava Uma vez meu nome apareceu no Yahoo... E depois apareceu no Aonde... Eu ainda me busco, me procuro Quase todos os dias... Às vezes aparecem oito páginas inteiras de pesquisa no google... E se somar o meu nome antigo, surgem treze páginas!! Aos poucos me convenci de quem sou... Não há dúvida possível sobre quem eu seja...está lá!! Então...quando não sei quem sou... Não converso mais com Deus... e tento não entrar em crise. Eu me procuro no google E lá ele me diz o meu nome. Quem sou, onde estou e o que faço... É e

I

Quem te ensinou a olhar pelos meus olhos?! A ouvir pelos meus ouvidos?! Quem te ensinou a roubar as minhas palavras?! A viver pelas minhas idéias?! Pois bem Pra você Sou cego, surdo, mudo e burro!!

IV

Não quero um pedaço seu! Ou você tem alma ou não tem! E não fique triste, Nem todo mundo que nasce Vem com personalidade! Há deficientes de todos os tipos! Eu vim sem coração, Mas que importa?! Ninguém usa mesmo!

V

Dizem que sou frio! Corrijo: sou gelado! Mas, alguém tem de substituir As calotas polares, não?! Então, salvarei o planeta E não ache estranho Se por você eu não me derreta!

VI

Este seu corpo malhado Esta sua cara de tarado Este seu engenhoso rebolado Este hábito de dizer: não, querendo Este jeito de ser, não sendo Olho e não me engano! Cara! Você é viado! Não se ofenda! Não há nada de errado! Compreenda: O óbvio não me atrai!

VII

Ando tão inspirado Que os poemas estão ruins! Me disseram: não faça rimas Com ado Com ar, Com ão, E mesmo não querendo tudo sai rimado Que posso fazer se não te agrado Se quero amar E se ouço não?! Melhor que seja assim...

VIII

Se a minha língua parece uma faca Que pena que você não seja um bife Estou de garfo em punho E com o prato pronto Se quiser ser carne Estou sentado na mesa de jantar!

IX

A sua alma não me interessa! Ao diabo com ela! Nem mesmo ele a quer! Tem tão pouco a oferecer Que fico feliz com seu corpo Te tocar é uma caridade que te faço E embora seja rico Há gente melhor na mendicância e na indigência Pena que para eles não tenho paciência.

XII

Não me toque, porque você não pode com meu desejo! Não me beije, porque você não pode com o meu beijo! Se for pra ser insuficiente, Não titubeie! Me deixe carente!

XIII

Quem deseja metade 100 grs, 200 grs, 300 grs, Não tem força pra comprar inteiro! Sei que o problema não é dinheiro! Mas se me deseja Que seja com desespero!

XIV

Se você não pode respirar sem mim Viver sem mim Não pode parar de pensar em mim Me esqueça! Vá embora! Já te dei o que você precisava Lembre-se de mim todos os dias E preencha sua vida vazia!

XV

Não há nada de intelectual em mim Quando penso em você Lembro do seu cheiro Lembro do seu gosto Lembro do seu corpo Lembro do seu sorriso Não amo, Me apaixono! Eu te gozo! Sou incompleto Alma eu tenho A carne é com você...

XVI

Por que se preocupa com a violência Da minha fala?! Você já pensou nisso, Minha obrigação, minha ciência É dizer o que não se fala Pensar o que não se pensa!

XVII

É estranho, mas a carne não ama o açougueiro! No entanto, eles não se largam! Seu sangue suja a minha roupa Eu te fatio e você se delicia O que sobra, Eu vendo! Não me confunda com lingüiceiro! Não aproveito restos! Quando te corto, te pico por inteiro!

XVIII

Tudo isso não é o que penso É o que sinto E sinto Porque não penso Se você pensasse Talvez eu pensaria Mas você não tem nada Tento me igualar então Mas perceba, Isso é covardia...

Nova Apocalíptica

Parte I Tu sujaste o Ar, a Água, a Terra! Destruístes as Florestas, Construíste civilizações testadas pelo Tempo Criaste a idéia de que os detritos devem ser reaproveitados Por que te assustas quando te digo que o Planeta Está prestes a fazer uma reciclagem?! Dói-te saber agora que o lixo somos nós?! Eu te disse: Não faças imagens de nada que há no céu e nem sobre a Terra! Agora que as imagens te consomem, para quem irá rezar?! Fizeste ídolos demais para ti! Não sabias que eles exigem sacrifícios?! E que após matares tudo quanto pediam, Restaria somente a ti para ser sacrificado?! És louco, homem! Enquanto os combustíveis desaparecem, constrói carros maiores... A água seca no nascedouro e tu lavas as calçadas?! As doenças proliferam, e tu trocas parceiros como quem troca de roupa... Homens e mulheres aglomeram-se nos hospitais... E os médicos estão desempregados... Matastes teus irmãos por sentirem que eram diferentes de ti! E agora enlouqueces, porque sabes que eles fariam a diferença

Nova Apocalíptica

Morreu a Grande Besta! Morreu! Morreu! A Grande Besta da Babilônia Morreu! Do Vaticano escuto um grito!! Morreu o filho da Besta! Não há céu! Não há inferno! E tudo isso basta! Das cinzas nada se levanta! Nem barro! Nem pranto! Nem alegria! Nem espanto! A besta morreu Depois de mil anos Reinando sobre a Terra Ela morreu! O céu está vermelho! O céu está vermelho! O sol está vermelho! A Terra está vermelha! E ninguém para olhar!!!! Teus olhos cegos Tua boca muda O teu corpo calado Sem vermes para consumir tua carne! Ouça o meu grito!! Vá para tua casa!! Ama tua mulher! Abraça teu filho!! Faça o Belo e o Horrível! Porque tanto faz! Olhei o futuro E não vi nada lá! Meu amargo cálice é dizer o que vi!! Antes de amanhecer o dia 12 de outubro O Tempo não será! Os calendários passarão E o Mundo novo não será! Grito tua sentençaTerra, Para que no final não haja esperança! O Natural inútil! Inútil o sol se levanta! Inútil a lua se levanta Inútil a Terra gira Inútil as nuvens habitam o céu! Não h

Se a poesia existe...

Se a Poesia existe, Ela só pode existir como uma manifestação De todas as coisas cotidianas... Um murmúrio, um grito, um uivo, uma prece, Um silêncio (entre todos os silêncios)... Se ela existe...só existe como um enunciado De toda grandeza. Não existe poesia pequena, ela é sempre o resumo do universo num só instante num só momento...e sempre, sempre será vários universos... constituindo os instantes... As musas há muito tempo calaram-se... Não as ouço, nem as percebo... Onde estarão Io, Terpsícore, Clio e... Mnemosine a sempre inevitável? Sou cercado apenas pelos instantes...infinitos Que me formam e reinformam, fazendo-me engasgar Com os soluços do eterno. Se o poeta é um solitário Só o é por circunstância poética... A companhia das folhas secas que Das árvores fatidicamente caem, sempre estará a informar a sua realidade... Passageiro... é como o poeta é, é como haveria de ser. Se a poesia existe é por que o poeta não é dono de si Enquanto ela existir ele sempre será o resumo do inst

Dois Poemas reencontrados

Logo quando cheguei em São Paulo escrevi dois poemas, e como estava no trabalho tivemedo de perdê-los, enviei para meue-mail e os arquivei numa pasta que nunca foi aberta, lá ficaram esquecidos durante quase dois anos. Por acaso os encontrei agora e os divido. Lembro-me de uma parábola de Jesus onde ele falava de uma mulher que perdendo umamoeda varria a casa toda e quando a encontrava chamava as amigas para comemorar, isso era o "reino dos Céus". Regozijai-vos comigo! Metrô Ontem eu quis lamber os teus trilhos Disseram-me que eles são eletrificados Disseram-me que tudo morre ao te abraçar. Disseram Mas fui tomado de tal paixão pela tua leveza, que instintivamente Delicadamente Eroticamente Lambi teus trilhos E fiz-me um com tua energia Pois quem como tu Se compara a mim? Quem carrega tantas pessoas dentro de si? Quem pode entregá-las a cada estação e vê-las partir Indiferente ao seu papel?! Te amo! Te amo! Abrasivo em sua elegância Delicado em seu deslize Eficiente Incansáv

E não acharás...

Teus olhos me buscam e eu me escondo levantas as pedras espreitas farejas e eu que não tenho cheiros diluo me no nada te cegarei se me encontrares te deixarei confuso te matarei por isso me escondo e tu teimas em buscar-me... até que me encontres teremos um sentido tu o de morreres e eu de matar-te Por isso fujo... preservo o sentido do pouco tempo que nos resta...

E não acharás...

Teus olhos me buscam e eu me escondo levantas as pedras espreitas farejas e eu que não tenho cheiros diluo me no nada te cegarei se me encontrares te deixarei confuso te matarei por isso me escondo e tu teimas em buscar-me... até que me encontres teremos um sentido tu o de morreres e eu de matar-te Por isso fujo... preservo o sentido do pouco tempo que nos resta...