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Mostrando postagens de 2007

O "Não" me Encanta

Você diz que me deseja E eu digo: Não! Diz que meu corpo te fascina E eu digo: Não! Você bebe minhas palavras e diz que se encanta E eu digo: Não! Você me liga E eu digo: Não! Sonha comigo, acorda pensando em mim E eu digo: Não! Quer ouvir música comigo, as minhas músicas E eu digo: Não! Quer dividir a sua vida E eu digo: Não! O que há de errado comigo? Pergunta-me enfim E eu digo: o excesso de Sim O não me encanta. E quando eu disser que te desejo Diga-me: Não! Quando eu me fascinar pelo teu corpo Diga-me : Não! Quando eu beber das tuas palavras Diga-me: Não! Quando eu te ligar Diga-me: Não! Quando eu sonhar contigo, acordar pensando em ti Diga-me: Não! Quando eu quiser ouvir contigo tuas músicas Diga-me: Não! Quando eu quiser dividir contigo minha vida Diga-me: Não! Grite: Não!! Grite bem alto para que eu me preencha deste prazer!! Quando te terei enfim? Pergunta-me Com os gestos diga: Sim! E com a boca diga: Não! Se não for assim, Deixa-me viver de imaginação...

Vísceras

Escritor que não expõe as próprias vísceras Não é escritor... Vamos, leiam os presságios nas minhas Nem precisam me dizer que o agouro não é bom... Fui eu quem jogou tinta nelas... Fui eu o artífice do meu destino... Por que confiar nos outros, quando minhas tripas contam como será o futuro?! Então, olhem para elas, examinem bem... Não cheiram pior do que as de qualquer animal que passou sobre a terra... O que comi e digeri...lhes dou Antes que vire merda... Por isso, com minha faca amarga Abro meu ventre e as exponho... Agora, olhe para as suas e veja se a sua vergonha é maior do que a minha.

Regras do Amor

Porque amo Penso que o mundo tem de conformar-se ao meu amor Justificado pelo mais puro sentimento Envolto em ternura, bondade, até castidade Penso que o mundo tem de conformar-se ao meu amor... Mas..não tem. As coisas que aprendi na TV não funcionam Oferecer fidelidade, lealdade, companheirismo, Cumplicidade, e realmente viver essas coisas... Não as traz de retorno para mim... Amar não me garante amor. Garante que amo. Mas isso basta?! Porque amo também desejo ser amado... Mas não serve qualquer amor Ele precisa obedecer as regras. As regras... e pensar que te critiquei tanto por causa das suas... As regras... Nosso amor não foi possível por que ele não devia ter regras Normas, castrações, correntes... Éramos dois torturadores tentando arrancar a verdade um do outro... E a verdade é que nos amávamos... Cada um no seu limite... Mas nós somos bons demais pra aceitar limites, não é?! Nossas regras são boas demais para não serem aceitas... Então, estou diante de ti como o criminoso que as

Arrogância

Sou um enfatuado arrogante Orgulhoso do meu comportamento ético... Mesmo que as pessoas desistiram disso... As faço engolir... Por que afinal...eu estou com a razão. Se vejo erros serem cometidos, desejo consertá-los Se vejo pessoas se equivocando, desejo ajudá-las Mesmo que elas não queiram... Com que autoridade?! Me pergunto eu Com que autoridade?! Apenas munido de minhas certezas éticas.... E isso me dá que direito?! Nenhum... Mas o certo é o certo e o errado é o errado... Os meios termos... São os meios termos... No fim...apenas minha arrogância me sustenta.

Ausência

A sua ausência não tem preço Ela me faz lembrar que eu existo Mas quem disse que eu queria existir?! Todo o meu desejo era me apagar em você... Por que lembrar que eu existo Quando a única coisa que deveria existir Era o meu amor por você?! Enquanto estivesse comigo eu poderia ser o nada que realmente sou Realizar meu destino de desaparecer... Agora que você não está mais aqui Eu existo e preciso buscar uma outra arma Para o meu suicídio... Quem deseja existir para si mesmo?! Quem? Me apagar no seu abraço... Ser soprado por sua boca... Deixar a luz se esvair... Permanecer em minhas trevas... Rir pelo seu sorriso... Olhar pelos seus olhos... Ser o seu desejo e o seu gozo... Ser o cheiro da sua pele... O hálito da sua boca... Por que ser eu? Se ser parte de você era tão mais... Quando eu era um nada ao seu lado...alcancei minha maior dimensão Agoro que sou algo...este algo é sólido Pequeno e triste...

A Estória do Pólo Preto Parte 5 - final... se até a novela acaba?!

Agora que eu já sabia o que queria! (prestem atenção nesta afirmativa, pois é muito raro alguém saber o que quer hehehehe) Botei mãos à obra. Comprei jornais. Vasculhei todos os cantos. Mas os Pólos Pretos estavam sempre muito longe. Aí começou uma espécie de conspiração. Onde quer que eu ia lá estava um Pólo Preto Hatch... Tava no ônibus passava um... Tava a pé...passava outro. Pólos com cartaz de vende-se cruzando as avenidas. Claro, todos numa velocidade que não dava pra anotar o telefone de quem tava vendendo. Eles olhavam para mim...os faróis piscavam pelas noites... Os amigos pensavam que eu tava louco. Vivia dizendo: “Olha lá! Olha lá!! Um Pólo Preto!!” Bem...como tudo o que acontece na minha vida: virou festa! Foi então que num belo dia, fui tomar um café no Franz (propaganda grátis). E lá havia uma revista de automóveis à venda, completamente gratuita (por isso a propaganda, entenderam?!). Levei pra casa aquela revista que tinha cheirinho de catálogo da Avon. Carro

Felicidade: Corro atrás e chego na frente!

Quem tem medo de ser feliz deve ficar longe de mim!! A felicidade não está onde estou... Então corro atrás dela... E se ela correr depressa... Correrei mais rápido. Se você não sabe o que é compromisso, responsabilidade, Devoção, compaixão... fuja de mim Pois estarei correndo de você. Se a verdade te incomoda ou acredita em mentiras sociais... Se seus olhos são tristes e pidões... Seus gestos carinhosos, seu abraço amigável... E se as suas atitudes te desmentem... Seja honesto consigo mesmo: Você não presta! Quem quer ser feliz assume o risco O risco de dizer que é triste... E corre..corre atrás... Mas não mente, não engana... nem a si e nem aos outros. Corra comigo ou corra de mim!

Medusa

É este teu olhar de pedra que me transforma em Medusa, São essas tuas flechas de herói que me transformam num monstro, É a tua razão que me incute loucura, o teu prazer que me causa dor... São estas tuas mãos apertando meu pescoço que me tornam digno de ser sufocado... Tua espada cravando-se na minha carne... transformando em cadáveres meus sonhos... É a tua crueldade aceita pelo mundo que me torna abjeto... Mas não te envergonhes..todos os heróis sempre foram mesquinhos e cruéis. Atacaram o que não conheciam... Destruíram tudo aquilo que significava uma ameaça ao comum... Então, tu serás Teseu e eu o teu Minotauro, Serás o meu Hercules enquanto serei tua Hidra de Lerna Mil vezes serei abatido e morto pela tua mão! Por que em mim encerro o mistério da tua vida... Ou tu me matas ou te devoro... É este teu olhar de pedra que me transforma em Medusa... Sou o espelho daquilo que não alcanças e não compreendes... Minha existência te torna pequeno... então... É preciso colocar-me a teus pés.

Encantamento

Foram o meu amor e os meus olhos que te tornaram tão atraente A luz que eu tinha derramei sobre ti Tu te tornastes o centro das atenções Quando todos te aplaudiam Tu não vias que era eu quem aplaudia em primeiro E qdo todos ficavam em pé, eu primeiro havia me levantado. Tu não sorrias antes que eu tivesse dito a todos da beleza do teu sorriso Tu não caminhavas até que eu tivesse dito a todos da leveza dos teus passos É um estranho poder o que tenho Transformar os comuns em deuses... E é estranho como todos se tornam soberbos depois de chegados ao trono Que lhes preparei... Mas, como toda luz projetada...qdo a causa cessa..ela também desaparece... A notícia triste: ninguém encanta a si mesmo... nem mesmo eu! Tenho braços fortes e posso levantar-te à altura de um príncipe Mas como ficarei a teu lado? Pois se te solto deixas de ser quem amo E se me amo, quem te sustenta?!

A Estória do Pólo Preto Parte 4

Quatro quarteirões de tremedeira depois... Na Citröen tudo estava ótimo, o vendedor que não desgrudava do celular não desgrudou. Me olhou de longe com aquela cara de quem não queria gastar seu precioso tempo com um cara que não iria comprar um carro. Rapidamente, um daqueles vendedores novatos felizes em mostrar serviço veio me atender. Todo solícito. Quase me pegou pela mão. Perguntou o que eu desejava e pela primeira vez eu tinha uma resposta certa para a pergunta: “gostaria de fazer um test drive naquele Pólo Preto” disse apontando o simpático carrinho. Agora ele já era simpático. O rapaz pegou a chave e estranhamente me perguntou: “Quer que eu dirija ou você dirige?” Jamais pensei que havia a possibilidade de que um test drive fosse feito por outra pessoa. Aí aproveitei sua cordialidade e contei que não tinha muita prática. Com um sorriso que ia de uma orelha à outra ele respondeu que estava tudo bem. Entramos no Pólo. Deu a partida e saiu todo faceiro. Foi me dizendo

A Estória do Pólo Preto Parte 3

Nem precisei entrar na Citröen. Os semi-novos estavam todos expostos do lado de fora. Chuva e sol. Quem se importa com eles afinal? Bem... De imediato não veio nenhum vendedor me atender. Ate aí...fiquei feliz. Pois teria tempo de pensar e não seria pego de surpresa. Eu já havia decidido que poderia comprar um Peugeot 206. Sim! Retornei ao plano original. Quando enfim, bati os olhos num peugeotizinho preto, um vendedor magro e excessivamente ocupado ao celular. Abriu o carro e deixou com que eu me virasse a vontade. Sem largar do celular num só instante. Entrei no carro. Liguei. Senti que o motor fazia um barulhinho bom. Desliguei. Fazer test drive?! Nem pensar. Afinal, eu iria pagar o maior mico se tentasse. Eu tinha acabado de fazer dez aulas numa auto escola especializada em motoristas que não dirigem. Estes motoristas que têm pânico de dirigir não obstante o fato de terem tirado carteira de habilitação. Eu fiz o curso rápido, por que achava que minha falta de vontade em comprar u

A Estória do Pólo Preto Parte 2

Cansado de tanta teoria, resolvi colocar mãos à obra. Iria até as concessionárias e revendedoras autorizadas, garagens, etc. Eis que surge um primeiro problema. São Paulo é uma cidade imensa, como eu poderia verificar as ofertas quase infinitas dos jornais?! Como poderia estando em Moema chegar na Zona Lesta? E aqueles carros maravilhosos que estavam em Guarulhos?! Eu não tinha carro...como poderia ir? Logo começou a novela. Pedia pra um amigo que me levasse e ele prometia que em alguns dias ele poderia ir. Pedia a outro e ele me dizia a mesma coisa. Enfim...quem tem carro não compreende o problema de quem não tem. Basta olharmos as estatísticas dos atropelamentos. Decidi ir caminhando mesmo até a concessionária mais próxima. Afinal depois de tanto ler e pensar sobre carros eu já tinha uma certeza. Uma grande certeza! E isto deveria bastar. Eu não iria poder comprar um carro novo, então ele teria de ter algo que eu gostasse. Algo que me atraísse. Foi nessa disposição de es

A estória do Polo Preto Parte I

Bem..esta será uma longa estória. A começar por saber se é estória com “h” ou com “e” nunca me conformei com a queda da distinção. História com “H” maiúsculo todo mundo estuda na escola e coletivamente passamos por ela ou..ela passa por nós..vai se saber?! Estória com “e” minúsculo mesmo é aquilo que não é tão importante, que às vezes é lorota mesmo, mas que serve também pra contar nossos causos cotidianos. Então esta é a estória da compra do meu primeiro carro. Depois de muitos anos resolvi comprar um carro. Muitos anos...este tempo todo se deve ao fato de eu ter tirado minha carteira de motorista aos 19, mas, como todo bom filho que se preze saí de casa, logo não pude dirigir o carro da mamãe. Engraçado que eu também não queria ter carro naquela época e nem me incomodava, pois eu acreditava que as pessoas não precisavam de carro pra quase nada, que devíamos andar de ônibus, que o planeta estava em perigo e que eu devia fazer a minha parte. Claro que naquela época ainda ha

Cidade Viva

Homenagem a Campinas Um raio de sol desceu sobre mim...iluminou o meu quarto e, transato, percorri minha pele com os dedos tocando-o, como se a luz pudesse concretizar-se em meu corpo, em meu desejo. E nesse dia eu sai pelas ruas da cidade. A mesma cidade que sempre pareceu-me cheia de equívocos e cuja forma surgia-me no mais das vezes como um filme noir , de onde o preto e o branco se fazem colorido, pintou-se de outras cores. Vi os sorrisos das pessoas, os guardas cumprimentando-se...enquanto furtivos olhares devoravam seus cacetetes...As lobas, mais peruas do que nunca, uivavam pelas avenidas e, pela primeira vez, as luzes dos semáforos não significavam: pare, perigo, ande, eram como uma festa de cores que faziam questão de piscarem felizes somente para meus olhos. Aquelas vozes de motoristas gritando, longe de parecerem os xingamentos que deviam ser soavam Pavarotti e Plácido Domingo e as moças menos avisadas transformavam-se todas em Maria Cal

MULHERES

I As ruas não incomodavam muito Aparecida. Caminhava pela cidade como quem afronta o destino. Nas mãos as sacolas de compras, promoções de supermercado e dinheiro curto eram “verbos” que ela sabia conjugar muito bem. Quarenta e poucos anos... existem idades que jamais deveriam ser ultrapassadas... os olhos viçosos da mocidade apagavam-se lentamente e sabia das dores que aquela cabeça morena grisalhava. Ossuda, magra, como uma necessidade nordestina de viver, caminhava desafiando a saia justa... balançando a blusa de malha. Falseava às vezes o pé com um sapato de salto alto, mas que não tinha em si nenhuma graça especial. De longe avistou uma senhora sendo assaltada. Estacou. Não sabia se tinha medo se não tinha, as pernas tremiam ligeiramente... engoliu em seco.... num instante as mãos suavam. Escutava as ameaças do assaltante e as lamúrias queixosas da velha. Não sabia como agir. Aos poucos uma estranha força a envolveu e gritou: - Socorro! Po

SUICÍDIO EM SEIS CENAS

Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. Trim...Trim...Trriimmmmmmmmm...trim...trriimmmmm. m... click! PAFT!! Acorda lento e preguiçoso, depois de esbofetear o relógio que, indignado, atirou-se do criado-mudo num baque surdo sobre o tapete, e este cortezmente, mas não sem um certo sacrifício, amorteceu-lhe a queda. _ Mais um dia! - suspira espreguiçando-se. Os olhos estreitos, apertados, denunciavam o filme que assistira madrugada a dentro.. Os cabelos revoltos testemunhavam mais um sono agitado. A custo decide-se abandonar o leito, dum salto? Não, bem lentamente, sentindo já um gostinho de saudade. Descalço pisa os frios azulejos do banheiro. Mira-se no espelho, como que observando o estragoque a noite fizer

Natal de um não Cristão

Este ano me sinto compelido a desejar Feliz Natal. E os que me conhecem mais proximamente vão me questionar “mas você não é cristão?!” . Bem... eu poderia responder “Nem Jesus” mas seria tolice. Jesus tinha seu nascimento comemorado em março no inicio do Cristianismo, não me lembro se 18 ou 20... uma data estranha assim. Dizem que ele era de Peixes (então acho que e eu ele não nos daríamos bem, heheheheh). Posteriormente mudaram a comemoração para 25 de Dezembro, dia dedicado ao Sol Invencível, nosso caro amigo o Deus Mitra, cujo grande poder era derrotar as trevas, santificando e renovando a vida. Um Deus de soldados, todos sabiam disso. Nas reflexões de um não Cristão cabem coisas estranhas, como imaginar, de boa vontade, e se fosse verdade? E se existisse um Filho de Deus e se este filho composto sabe-se lá de quantas galáxias siderais, este amálgama de sonhos de que se compõe o universo continuamente se formando, deformando, reformando, desconstruindo... e se ele olhasse toda a fa